Idoso, de 91 anos, precisou ser entubado após cerca de 5h de espera.
Até por volta das 16h, deste domingo (24), um idoso de 91 anos e uma senhora de 66, pai e filha, com sintomas da Covid-19, estavam dentro de duas ambulâncias do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), na porte da casa onde moram, no Centro da capital, a espera de uma vaga nas unidades de saúde da rede pública, na Grande Aracaju.
“Desde às 10h40, meu avô e minha tia estão dentro da ambulâncias do SAMU. Os profissionais estão se revezando e agora, meu avô começa a ser entubado. Só pela manhã foram três ambulâncias, uma de suporte avançado, agora a tarde, outra veio trazer um torpedo de oxigênio. E a informação que temos é que não há vagas para eles”, lamenta um dos familiares, que não quer se identificar.
De acordo com o protocolo, pai e filha deveriam ser lavados para unidades porta aberta (UPAs Zona Norte e Sul, Hospital de Urgência de Sergipe (Huse) e Hospital Regional José Franco). O Hospital de Campanha de Aracaju só recebe pacientes encaminhados pelas outras unidades.
“Talvez a gente precise tirar essas pessoas de Aracaju, porque as urgências estão cheias. Assim que conseguir uma vaga a gente saí de lá. Porque não adianta rodar com eles dentro da ambulância, que é um suporte e transporte. Está uma procura muito grande nos hospitais para atendimento . Essa busca por atendimento as vezes lota os hospitais, muita gente que até poderia estar em casa, mas mesmo assim busca os hospitais e isso deixa as unidade lotadas”, explicou a superintendente do Samu, Karina Mendonça.
Por volta das 16h30, o médico informou a família que surgiram duas vagas no interior, em Estância. Mas estamos aqui aguardando porque as viaturas que se encontram aqui não fazem o transporte intermunicipal. Continuamos aguardando pra ver se vai se efetivar a internação”, disse um dos familiares.
No último Boletim Epidemiológico, divulgado no sábado (23), das 85 leitos da rede pública de Sergipe, 59 estavam ocupados. A Secretaria de Estado da Saúde (SES) ficou de enviar nota sobre o assunto.
Recorrência
A enfermeira do Samu, Adriana Góis, afirma que essa situação tem sido recorrente. “Na madrugada de sábado, 3h, a gente estava no Centro de Apoio Psicossocial (Caps) Jael Patrício de Lima, que é a unidade de referência em Aracaju de Covid-19, um paciente positivo, de cerca de 40 anos, foi entubado na unidade. Depois o sistema de gases não suportou, não teve como colocar em ventilação mecânica. Ele foi ambusado, pra deixar o paciente ventilado e assistido. Das 19h às 3h, foi quando este paciente conseguiu vaga em Lagarto”, denuncia.
Ela conta ainda que outros pacientes, que ela atendeu, depois de horas a espera de vaga na capital tiveram de ser transferidos para unidades em Estância, Boquim, Itabaiana e Lagarto.
“A gente está expondo os colegas do Samu em uma situação exaustiva e de risco imenso. E a população, que não está sendo atendida. Dizendo que tem muita vaga, tem hospital de campanha, mas ninguém resolve. Teve uma situação de paciente passar mais de 4h na viatura e já teve óbito, foi veiculado inclusive pela imprensa”, lamenta.
Por G1 SE