Com o crescimento do mundo tecnológico, onde as pessoas estão utilizando cada vez mais os ambientes virtuais para todos os tipos de atividades, inclusive para transações bancárias, os criminosos estelionatários também decidiram se modernizar.
Além disso, a pandemia da Covid-19, que ocasionou no isolamento social em todo o mundo durante os anos de 2020 e 2021, fez com que esses golpistas migrassem para a prática do golpe em ambiente virtual de maneira massiva. Os dados provam isso quando, durante o período de isolamento social em Sergipe, os casos de crimes em ambientes virtuais cresceram mais de 200% em 2021, quando comparado com o mesmo período em 2020, e 120% em 2020, quando comparado a 2019.
Diante de tantas campanhas de alerta por parte da Secretaria de Segurança Pública de Sergipe (SSP/SE), em 2022 os casos de golpes virtuais apresentaram uma queda entre os meses de janeiro a julho, quando comparado com o mesmo período no ano anterior. Enquanto em 2021 foram registrados mais de 3.500 crimes cibernéticos entre janeiro a julho, em 2022, conforme dados da Coordenadoria de Estatística e Análise Criminal (CEACRim) da SSP, foram registrados cerca de 2.800 durante o período.
Ainda assim, os números de casos são bastante elevados. O mês de maio foi o que teve o maior quantitativo de crimes deste tipo, com 526 ao total. Em julho foram registrados 394 golpes virtuais em Sergipe. “Observamos que a forma mais recorrente de casos de golpe acontece via WhatsApp, com o que chamamos de sequestro de WhatsApp, quando o golpista toma a conta da vítima e faz contato com a agenda de familiares e amigos, pedindo que façam depósitos bancários. Assim como também acontece a clonagem do WhatsApp, quando o golpista pega uma foto nas redes sociais e manda uma mensagem de outro número, com a foto da vítima, fazendo esse mesmo movimento de solicitar depósitos bancários com conhecidos. Por isso que nós alertamos que as pessoas devem ter cuidado com redes sociais abertas, e com as informações elas veiculam, que podem facilitar a prática do golpe”, explica a delegada Viviane Pessoa.
Como se prevenir A delegada Viviane Pessoa, diretora do Departamento de Crimes Contra o Patrimônio (Depatri), da Polícia Civil, destaca que os golpes utilizando o WhatsApp giram em torno de duas modalidades do mesmo crime, mas que tem o mesmo objetivo: o de conseguir que os contatos da vítima façam transferências bancárias para contas vinculadas aos golpistas. Viviane Pessoa explica que o sequestro da conta da vítima começa com uma mensagem enviada pelos golpistas. “Eles geralmente observam um telefone que está em um site de compra e venda. Eles fazem contato com a vítima e dizem que o anúncio tem algo a ser corrigido ou então eles mandam uma promoção. Daí, solicitam que a vítima passe o código de SMS que vai receber. Mas esse código é o de acesso ao WhatsApp, dando acesso total à conta da vítima”, evidenciou.
Já na prática da clonagem, os golpistas utilizam um número de telefone que não pertence à vítima. “Na clonagem, é utilizado um outro número de WhatsApp, que é do golpista. Ele pega uma foto e diz para os contatos que mudou de número e pede uma transferência bancaria. Toda a transferência vai para uma pessoa que você não conhece. Nessa hora, deve ser visto para onde o dinheiro vai. Se vai para uma pessoa desconhecida, é golpe”, ressaltou a delegada.
No caso de já ter sido vítima dessa modalidade criminosa, a orientação, segundo a diretora do Depatri, é para o registro da ocorrência em uma delegacia, além de comunicar o ocorrido aos canais de atendimento da plataforma WhatsApp. “Esse contato é feito pelos canais oficiais – email – da plataforma. Junto a isso, é preciso comunicar aos contatos, por meio de outra ferramenta, que foi vítima do golpe e que não façam transferências bancárias para as contas informadas pelo golpista”, finalizou Viviane Pessoa.
Por Laís de Melo