A equipe médica do Hospital Primavera concedeu entrevista coletiva às 17h desta terça-feira (22) para esclarecer o estado de saúde da cantora de forró, Paulinha Abelha, vocalista da banda Calcinha Preta. A paciente Paula de Menezes Nascimento Leca Viana, de 43 anos, apresenta disfunção renal, hepática e neurológica. Ela está internada na unidade de terapia intensiva (UTI), desde a última sexta-feira (18). Os problemas renais e hepáticos apareceram em paralelo, segundo os médicos, que não souberam dizer se Paulinha tinha problema renal prévio. Seu nível de consciência encontra-se em rebaixamento profundo.
Seu estado atual é de coma profundo, isto é, sem resposta a estímulos. Diariamente novas linhas de diagnóstico são analisadas pela equipe e hipóteses são levantadas e descartadas. Uma ressonância magnética foi feita para investigar o coma, que está em nível 3, de acordo com a Escala de Coma de Glasgow, usada para medir o nível de consciência dos pacientes. Nível 3 é considerado severo rebaixamento sensorial, ou seja, coma profundo.
Desde que deu entrada no Hospital, seu quadro está inalterado. Paulinha faz terapia antiinflamatória para conter uma possível encefalite e também faz uso de suporte ventilatório nos pulmões, além de hemodiálise. A parte clínica da cantora está estabilizada. A neurológica que permanece em investigação.
Antes de dar entrada no Primavera, médicos da unidade conversaram com profissionais que atenderam Paulinha ainda no Hospital Unimed Sergipe, quando deu entrada dia 11 de fevereiro. Ela chegou do Unimed em coma e assim permanece no Primavera.
Uso abusivo de medicamentos
A hipótese de que Paulinha fazia uso abusivo de antiinflamatórios e que esta seria a razão de seu problema não foi confirmada pela equipe. Segundo os médicos, não há exame comprobatório de que seu estado se agudizou após este tipo de tratamento. Porém, os profissionais confirmaram que é possível que alguma substância que circula em seu organismo esteja gerando essa cascata de inflamações.
O uso abusivo de medicamentos pode acontecer tanto na saída da faixa terapêutica da substância, quanto na interação medicamentosa. No caso de Paulinha, os tratamentos que ela fazia anteriores à internação eram monitorados por seus médicos particulares.
Não há morte encefálica
Reiteradas vezes a equipe do Primavera afirmou que não há que se falar em morte encefálica. Não há nenhuma evidência de que o cérebro de Paulinha se encontra em morte encefálica. Exames de imagem e clínicos não apontam isso. O quadro dela é monitorado de forma continuada.
Hipótese mais aceita
A hipótese mais considerada pelos médicos é a de que problemas renais. A resposta ao tratamento para o problema pode levar de 15 a 20 dias. No momento não está-se falando em sequelas. A prioridade é manter Paulinha viva. “O que não está sendo tarefa fácil”, disse o médico Neurologista que integra a equipe, Dr. Marcos Aurélio Alves.
“Um dia de cada vez! Nosso interesse é mantê-la viva e não está sendo tarefa fácil! Não me sinto confortável em falar em sequelas, porque o compromisso agora é com a manutenção de sua vida“, informou Dr. Aurélio.
O tratamento de fertilização que Paulinha fazia também não tem relação com as atuais lesões que a artista apresenta.
Saída de Sergipe?
Por enquanto não se cogita a transferência de Paulinha do estado de Sergipe para algum outro Hospital do país. De acordo com a equipe, foi a própria família quem pediu a transferência de Paulinha para o Primavera.
Sushi
Outra informação que circulou foi a de que Paulinha teria passado mal depois de comer sushi no estado de São Paulo. As patologias secundárias já vinham sendo monitoradas no Hospital Unimed e a hipótese da doença de Haff, causada por uma toxina biológica presente em peixes de água doce e crustáceos, já havia sido descartada.
O trabalho dos médicos no momento consiste em fase etiológica, isto é, em saber o início dessa inflamação, de onde está vindo a causa do coma profundo. Ela pode ser uma causa tanto inflamatória, quanto autoimune (quando as células boas do corpo começam a atacar e destruir outras igualmente saudáveis).
Fake News
Circulou também em muitos meios de comunicação que Paulinha teria sido acometida por uma Meningite Bacteriana. A informação, segundo os médicos, não é verdadeira e isto gerou um caso de saúde pública, quando os órgãos federais de Saúde questionaram o porquê de o hospital Primavera ter uma paciente nestas condições e não informar às autoridades. Se fosse o caso de Meningite Bacteriana, todas as pessoas que voaram com Paulinha no dia de seu desembarque em Sergipe, assim como a própria banda Calcinha Preta, teriam que ser monitorados. “Estou muito sensível a esta informação, que é falsa, e peço que se baseiem apenas nos Boletins Médicos”, concluiu Dr. Aurélio.
O Boletim vem sendo divulgado todos os dias, uma vez ao dia, entre 11:30 e 12:00. A equipe presente hoje em coletiva de imprensa era formada pelos médicos neurologista Dr. Marco Aurélio Alves, Diretor Técnico do Hospital Primavera, Ricardo Leite e pelo médico intensivista, André Luis Veiga de Oliveira.
Via: AJN1