Nesta quarta, 30, o ex-deputado federal José Carlos Machado foi o entrevistado do Jornal da Ilha, onde falou sobre questões políticas relacionadas ao Estado e ao País.
Um dos temas mais debatidos foi a reforma política, que, para Machado, é fator decisivo para as eleições do próximo ano, inclusive para a definição de sua candidatura.
“Porque preciso conhecer as regras. Estou bem no PSDB e o presidente, Eduardo Amorim, me trata bem, acha que devo ser o nome do partido para deputado federal. Estamos tentando viabilizar, mas não sei se vai acontecer como queremos”, diz Machado.
Ate porque, segundo ele, desde 2003 a reforma política tramita no Congresso e, até hoje, nada aconteceu de fato. “E acho que não vai acontecer, porque dos que se manifestam a favor, poucos votam a favor. Mas o fato é que vai haver eleições. Até 30 de setembro, saberemos como elas serão”, ressalta.
Machado garante que é um político de centro, reformista, progressista. Mas trouxe uma nova categoria, a qual ele chamou de “Centro Móvel”. “O que está em voga atualmente é o Centro Móvel, onde o político pende para a direita ou para a esquerda a depender de seus interesses”, define.
Apesar de admitir a possibilidade de mudar de partido, ele deixou claro que, além de suas ideologias, tem suas convicções. É que isso o impossibilitaria, por exemplo, de se filiar ao Partido dos Trabalhadores. “Porque pensam muito diferente do que penso. É preciso haver sintonia com o partido”, garante Machado.
Ele se coloca a favor do Distrital Misto. “Onde metade seria de uma forma e metade de outra, para não fortalecer apenas o viés econômico. Mas acho difícil aprovar a reforma desse jeito”, admite.
Sobre a criação do fundo de R$ 3,5 bilhões que se pretende, ele disse que trata-se de um absurdo. “Com esses recursos, dá para construir 70 mil casas populares, quase a metade dos domicílios que há em Aracaju”, compara Machado.
Com relação às críticas à última gestão de João Alves na Prefeitura de Aracaju, ele afirma que, infelizmente, no serviço público a lógica não prevalece. “João é bem-intencionado. Mas ele teve uma série de dificuldades na última gestão. Sempre busquei ajudar a gestão. Penso e ajo diferente de João. Mas vamos respeita-lo”, pondera.
Segundo Machado, foi João quem anunciou, há mais de dez anos, a morte do São Francisco – outro tema debatido durante a entrevista.
Para Machado, a situação atual do Rio é fruto de uma profunda inércia da classe política durante todos esses anos. “A classe política ainda não entendeu a gravidade da realidade que se apresenta. Houve a promessa de diversos projetos de compensação, como obras de saneamento e esgotamento, mas nada foi feito até hoje”, reitera.
Parafraseando o deputado federal José Carlos Aleluia, ele disse que, hoje, “o São Francisco não corre, chora”. “E isso afeta muito Sergipe, porque mais da metade da população sergipana é abastecida pelo rio”, lembra.
De acordo com Machado, já se fala num colapso na adutora do São Francisco, o que colocaria em risco o abastecimento do Estado de Sergipe, já que ela abastece quase um milhão de pessoas na Grande Aracaju. “É preciso agir antes que isso aconteça”, alerta.
Por Tanuza Oliveira