
A pandemia do coronavírus (covid-19) tem produzido efeitos nefastos não apenas na vida dos indivíduos, mas também tem assolado setores da economia e suas cadeias produtivas, responsável pela geração de milhares de empregos, parte fundamental do processo de evolução e crescimento de um país. Com a crise sanitária, os governos locais têm editado uma série de decretos determinando o fechamento de espaços públicos e privados desde março. Dentre eles, os shoppings, que fecharam suas portas, obrigando os lojistas a abruptamente suspender, ainda que transitoriamente, as suas atividades, algo até aceitável por um ou dois meses, não para além de quatro meses como está ocorrendo agora. E os reflexos danosos neste segmento econômico começaram a se descortinar em gritos de socorro.
Antes da crise, os cinco shoppings centers existentes em Sergipe – três em Aracaju (Rio Mar, Jardins e Parque Aracaju), um em Nossa Senhora do Socorro (Prêmio) e outro em Itabaiana (Peixoto) -, somavam 826 lojas e geravam 26 mil empregos diretos, segundo a Associação Brasileira de Shoppings Centers. Até o momento, mais de 200 lojas fecharam as portas, e 1500 trabalhadores perderam seus empregos.
“Nós esperávamos que, em dois meses, o governos estariam com os hospitais equipados para receber a população doente e o comércio abrindo, aos poucos, as suas portas. Não imaginávamos passar quatro meses nessa situação, sem receita. Alguns lojistas ainda funcionam no formato delivery, mas não vão aguentar por muito tempo”, afirma o empresário Paulo Escariz, da Rede de Livrarias Escariz e presidente Associação dos Lojistas do Shopping Rio Mar.
De acordo com Paulo, o governo do Estado, assim como a Prefeitura de Aracaju, não trabalham, de forma efetiva, para dar uma solução plausível à questão. “A situação é desesperadora. O lojista não pode nem fechar, porque pagará multa alta ao shopping, e está correndo o risco de ir à falência e não ter condições nem de pagar as rescisões. O Estado não abriu mão de cobrar os impostos, como o ICMS, assim como a Prefeitura. Aliás, os governos estão se escondendo atrás da crise e acusando o empresariado por provocar caos durante a pandemia. Os políticos estão fazendo propaganda política em cima da pandemia, anunciando obras, e ameaçando colocar a polícia como se fôssemos bandidos. O Estado não faz a parte dele e fica fácil colocar a culpa nos empresários”, critica de forma veemente.
Opinião semelhante tem Gilson Figueiredo, presidente do Sindicato dos Lojistas do Comércio de Sergipe (Sindlojas). “Temos um número de lojas que, provavelmente, não retornará às atividades. Então, isso se somará aos dados e já em torno de 1500 desempregados somente no segmento de shopping. É extremamente preocupante. O comércio não vive só desse momento atual, nós temos uma preocupação é com o futuro. Quando falamos em comércio, nós estamos falando uma sociedade como um todo, de toda a cadeia produtiva. Já sabemos que os números da pandemia não param de crescer e nós temos que conviver com isso até que surja uma vacina. Então, nós precisamos de medidas de bom senso, sob pena de causar um estrago muito tremendo no pós-pandemia”, coloca.
Abertura controlada
Os lojistas querem que os shoppings possam reabrir assim como alguns setores do comércio de rua. “Também sugerimos medidas de segurança para a retomada das atividades. Sistema de ar condicionado funcionando diferente, disponibilidade de álcool em gel em todas as lojas, tapetes com produtos químicos na entrada das lojas, medição de temperatura, limitação de pessoas, de espaço, de cadeiras na praça de alimentação, até o número de pessoas que possam estar em cada loja”, defende Gilson Figueiredo.
Drive-thru
Uma solução paliativa que se somaria à reabertura controlada das lojas, também defendida pelos empresários, seria a venda por meio de drive-thru, em que o consumidor não precisa sair do carro para fazer a compra ou pode comprar pela internet e passar de carro no estacionamento da loja ou do shopping só para retirar o produto, formato adotado em quase todos os shoppings do Brasil. “Todo o Brasil já se implantou esse modelo do drive-thru, menos Sergipe. Aliás, quase todos os shoppings do Brasil já reabriram suas portas”, reforça Paulo Escariz.
Plano de Retomada Econômica barrado
Vale lembrar que o Plano de Retomada da Economia, coordenado pelo Governo do Estado, teve sua primeira fase iniciada no dia 23 de junho, mas no dia 7 de julho foi suspenso em virtude de ação expedida pela Justiça Federal, a pedido dos Ministérios Públicos Federal, Estadual e do Trabalho, por entenderem que a flexibilização não tinha margem de segurança e deveria observar a necessidade de abertura de leitos de UTI preparados e equipados para atender a demanda dos casos graves da covid-19.
De acordo com o governo, a previsão de reabertura dos shoppings está atrelada à segunda fase do Plano de Retomada da Economia, com capacidade de 50%.
Da redação, AJN1