Poucas capitais brasileiras devem ter visto uma despedida tão bonita e emocionante quanto a do povo sergipano com o maior líder da sua democracia. À época, escrevi um texto em que, dentre outras coisas, disse que “depois de Marcelo Déda, Sergipe só permanece pequeno em extensão territorial”. Eu que escrevi, mas as palavras não eram minhas. Apenas ecoei as vozes de cidadãos e cidadãs que conferiam a Déda o título de melhor Governador da história de Sergipe.
E o sentimento do povo com Déda era também o sentimento de Déda com o seu povo. Tanto que certa vez ele disse: “eu sou o resultado da luta política do meu povo. Sei que sem ele nenhum poder se sustenta, nenhuma legitimidade se constrói, nem o sucesso se edifica”.
Amanhã, no dia em que completam-se três anos da sua partida, impossível não lembrar de Marcelo Déda. Democrata que era, Déda – e não tenho dúvidas disso – seria uma das principais vozes na denúncia das arbitrariedades dos dias em que vivemos. Percebam como a frase de sua autoria parece ter sido feita para esses tempos: “A democracia não tem donos. Os governadores, presidentes e prefeitos não são monarcas nem déspotas cuja vontade é indiscutível e os objetivos incontestáveis. Somos todos servidores do povo, dele recebemos os votos, dele precisamos para legitimar o exercício do nosso poder”.
Sergipe desejava ver Marcelo Déda ocupando uma cadeira no Senado Federal. E ele não nos causaria arrependimento: seria voz firme na reação ao golpe contra a Presidenta Dilma, nos orgulharia com belos discursos a favor da Democracia, repudiaria o congelamento de investimentos públicos em saúde e educação e expressaria sua capacidade de liderança e articulação política no Congresso Nacional.
Foi-se o ser, mas ficaram as suas ideias e o seu legado. Aracaju, capital do estado, provou isso: a recente eleição do seu companheiro político, Edvaldo Nogueira, e da sua companheira de vida, Eliane Aquino, foi também uma vitória da memória e da história de Marcelo Déda.
Impossível não reconhecer: Déda faz uma falta danada. Não apenas a Sergipe, mas ao Brasil.