O assassinato de uma mulher de 53 anos na cidade de Tobias Barreto, morta à facadas pelo companheiro na última segunda-feira, 13, acaba de entrar para as estatísticas sobre o feminicidio, crime de ódio cometido contra a mulher que tem crescido em Sergipe. O assunto foi tema do discurso da vereadora Kitty Lima (Rede) na Câmara Municipal de Aracaju (CMA), que cobrou medidas do Poder Público no combate a esse tipo de violência e no acolhimento às vítimas.
Como presidente da Frente de Combate à Violência Contra a Mulher da CMA, Kitty Lima tem desenvolvido um trabalho de conscientização e empoderamento à mulher para que ela sinta-se segura em denunciar seus agressores com o apoio dos órgãos competentes. “Quem acompanha meu trabalho aqui na Câmara sabe que esse assunto é tema de várias ações minhas, sempre co para alertar toda a sociedade sobre o aumento no número de crimes desta natureza, assim como as cobranças que tenho feito ao Poder Público para mudar essa realidade. Exemplo disso são as moções de apelo ao Tribunal de Justiça de Sergipe[TJ/SE] e para a Secretaria de Segurança Pública de Sergipe [SSP/SE] que não têm utilizado o termo ‘feminicidio’ nos casos de violência contra a mulher. Isso acaba prejudicando as iniciativas de combate à este tipo de crime, uma vez que ficamos sem dados para desenvolver um trabalho mais eficaz”, explicou Kitty.
Para acolher melhor as vítimas dessa violência, a vereadora anunciou que protocolou mais uma moção de apelo, desta vez, para que a Delegacia de Apoio à Grupos Vulneráveis (DAGV) permaneça aberta durante os finais de semana, dias em que a incidência do feminicidio é maior. “É comprovado que o sábado e o domingo são os dias onde a ocorrência desse crime é ainda maior e nenhuma delegacia especializada fica aberta para receber adequadamente as vítimas. Essa moção é importante para fortalecer o combate ao feminicídio porque a denúncia é o primeiro passo para colocarmos um fim à essas barbáries”, pontuou.
Somente de janeiro a julho deste ano, segundo informações do TJ/SE e com base em processos sobre crimes de feminicídio ocorridos em todo o estado, foram registados 31 casos em Sergipe, uma média de mais de cinco assassinatos de mulheres por mês. Os números revelam a gravidade do problema que, muitas vezes, esbarra-se no sentimento que é comumente compartilhado pelas mulheres agredidas, o medo. “A quantidade se denúncias poderia ser bem maior se não fosse o medo de algumas mulheres em denunciar seus agressores. Isso porque na maioria das vezes eles são os próprios companheiros que possuem um sentimento de posse sobre a mulher, reflexo de uma cultura machista que ainda se perpertua no país”, disse Kitty, mostrando a necessidade da implementação de um trabalho educativo também com os agressores.
“É preciso ainda fazer um trabalho educativo com esses homens para que eles reconheçam a gravidade do comportamento deles ou então a cultura do feminicídio irá se perpetuar em nossa sociedade”, alertou a vereadora.
Por Felipe Maceió