O número de eleitores analfabetos no Estado representa 5,42% do total
O perfil do eleitor sergipano tem mudado desde a última eleição, em 2018. De acordo com dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), caiu o número de eleitores do Estado com baixa escolaridade. Enquanto há quatro anos 30,59% das pessoas aptas a votar não tinham completado o ensino fundamental, em 2022 este grupo representa 29,39% dos eleitores, uma queda de cerca de 3,9%. Ainda conforme dados do TSE, em Sergipe o número de eleitores analfabetos representa 5,42% do total, enquanto em 2018, a fração era de 6,02% do total de eleitores. A redução no número de eleitores com baixa escolaridade reflete não só em Sergipe, mas em todo o Nordeste. Segundo o levantamento do Tribunal, 48% dos seus eleitores do Nordeste tinham escolaridade baixa em 2018, ou seja, aqueles que não completaram o ensino fundamental. Neste ano, este grupo representa 42,8% dos eleitores, o que significa uma queda de 5,2%.
De acordo com o cientista político e doutorando na Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), Ian Rebouças Batista, ter um eleitor mais escolarizado no Nordeste significa um desafio para a região, sobretudo por se tratar de uma das regiões mais pobres e desiguais do Brasil.
“Nas eleições especificamente, se espera que um eleitor com maior nível de escolaridade esteja mais bem preparado para ouvir a proposta de diferentes candidatos, avaliar criticamente o que mais lhe beneficia e beneficia o seu entorno, e realizar assim uma decisão embasada para seu voto. Um eleitor mais escolarizado é remédio direto para alguns dos problemas históricos que nossas eleições enfrentam, principalmente no Nordeste, como alienação eleitoral e compra de voto”, avalia o cientista.
Quando uma pessoa estuda mais, ela está mais preparada para entender o sistema político brasileiro, que não é tão simples, e que muitas vezes, pela falta de conhecimento, está mais vulnerável a situações de corrupção e atos ilícitos, como por exemplo, a compra e venda de votos.
“O eleitor que passou mais tempo na escola e concluiu o ensino fundamental, desenvolve melhor os valores cívicos, que os fazem perceber problemas na compra e venda de votos. A ideia é que este eleitor mais escolarizado saiba que vender o seu voto é errado e que tentativas de compra de votos devem ser denunciadas”, aponta Ian. Para um país democrático de direito, como é o Brasil, quanto mais a população é escolarizada, maior terá os direitos e deveres garantidos e assegurados. “Um eleitor que consegue avaliar quais candidatos já fizeram benefícios para sua comunidade, quais prometeram e não cumpriram e quais possuem boas e factíveis promessas é o eleitor que cumpre apropriadamente seu papel na democracia”, conclui o cientista.
Por Laís de Melo