O Novo Ensino Médio, regulamentado pela Lei 13.415/2017, inicia a mudança da última etapa da Educação Básica, o Ensino Médio. O Governo de Sergipe, por meio da Secretaria de Estado da Educação, do Esporte e da Cultura (Seduc), aderiu ao Programa de Apoio ao Novo Ensino Médio em 2018. Atualmente, 39 escolas-piloto trabalham no programa, atendendo a 17.405 estudantes.
A nova modalidade de ensino está sendo implementada gradualmente. De acordo com a coordenadora do Serviço de Ensino Médio da Seduc, Isabella Santos, a implantação será progressiva, seguindo a portaria 521, de 13 de julho de 2021, do Ministério da Educação. Segundo essa portaria, a partir de 2022, todas as escolas de ensino médio do território nacional implementarão o Novo Ensino Médio, primeiramente em todas as turmas de 1ª série; em 2023, será a vez de todas as turmas da 2ª série, e em 2024, todas as turmas da 3ª série, fechando o ciclo de implementação.
O Novo Ensino Médio traz como mudanças a oferta de 1.800 horas anuais de formação geral básica, que são as competências e habilidades previstas na Base Nacional Comum Curricular (BNCC) obrigatórias para todas as escolas do Brasil, e, no mínimo, 1.200 horas anuais de itinerários formativos, que são um conjunto de disciplinas, projetos, oficinas, núcleos de estudo, entre outras situações de trabalho que os estudantes poderão escolher se aprofundar. Das 39 escolas-piloto do estado de Sergipe que aderiram, 33 já estão implementando a nova matriz curricular e o novo currículo nas turmas de 1ª série do ensino médio. Essas instituições estão distribuídas nas 10 diretorias de educação do estado.
“A grande novidade do Novo Ensino Médio é a questão da escolha. O estudante vai poder escolher qual área de aprofundamento ele vai querer fazer a partir da 2ª série. O estudante que tem mais afinidade com Ciências da Natureza e Matemática, por exemplo, vai cursar unidades curriculares do itinerário formativo dessa área. Mas essa escolha não é solta; ela é orientada e tem o apoio do projeto de vida”, explicou Isabella Santos.
Itinerários formativos e Projeto de Vida
Outro diferencial do Novo Ensino Médio são os Itinerários Formativos, que aprofundam as aprendizagens essenciais da Formação Geral Básica nas áreas do conhecimento. Ao todo são cinco itinerários formativos, quatro dos quais são propedêuticos, que são as áreas do conhecimento (Linguagens, Matemática, Ciências Humanas e Sociais Aplicadas e Ciências da natureza), e o itinerário da Educação Técnico-Profissional. As escolas-piloto poderão ofertar, no mínimo, dois itinerários formativos para que os estudantes possam ter possibilidade de escolha, o que não inviabiliza a unidade de ensino de ofertar mais.
Por meio deles, as escolas poderão aprofundar as aprendizagens relacionadas às competências gerais, às Áreas de Conhecimento e à Formação Técnica e Profissional; consolidar a formação integral dos estudantes, desenvolvendo a autonomia necessária para que realizem seus projetos de vida; promover a incorporação de valores universais; e desenvolver habilidades que permitam aos estudantes terem uma visão de mundo ampla e heterogênea.
As unidades curriculares poderão ser desenvolvidas como projetos, observatórios, clubes de interesse, oficinas, laboratórios, incubadoras, núcleos de estudos e núcleos de criação artística, dentro de uma organização curricular de 1.200 horas anuais. Esse aluno precisa ter cinco horas a mais em sua carga horária semanal, que a escola poderá ofertar no contraturno ou uma hora a mais a cada dia da semana.
Já o Projeto de Vida é a competência geral 6 da BNCC e o centro do Novo Ensino Médio. “O objetivo de destinar uma carga horária semanal para essa competência é dar aos estudantes o suporte pedagógico para as escolhas dos itinerários formativos, bem como para as escolhas após a conclusão do Ensino Médio, além do desenvolvimento das competências cognitivas e socioemocionais, e habilidades essenciais para a vida e o mundo do trabalho”, explicou a diretora do Departamento de Educação da Seduc, professora Ana Lúcia Lima.
Implementação
O primeiro passo para a implementação do Novo Ensino Médio em Sergipe deu-se em 2018, com a adesão da Seduc à Portaria Ministerial 649/2018, que institui o Programa de Apoio ao Novo Ensino Médio e estabelece diretrizes, parâmetros e critérios para participação. Essa portaria foi o pontapé para a adesão voluntária das escolas ao Programa de Apoio à Implementação do Novo Ensino Médio. Em dezembro de 2018, o estado de Sergipe apresentou ao Ministério da Educação 39 escolas-piloto do Programa.
No início de 2019, as escolas-piloto iniciaram a elaboração da Proposta de Flexibilização Curricular, documento que estava vinculado ao pagamento da segunda parcela do recurso de apoio. O Serviço de Ensino Médio da SEDUC promoveu reuniões, oficinas e plantões de dúvidas para apoiar as instituições na elaboração do plano que foi enviado ao Ministério da Educação. Além disso, elaborou e submeteu ao MEC, também, o Plano de Acompanhamento da Proposta da Flexibilização Curricular (PAPFC). Seguindo essas demandas, foram iniciadas reuniões acerca da matriz curricular de transição para que contemplasse elementos da parte flexível.
As escolas iniciaram o ano letivo de 2019 com Projeto de vida, atividade integradora, e Língua Espanhola na parte flexível. Também no ano de 2019, foram iniciadas as formações de professores em projeto de vida com apoio de parceria externa. Para atendimento à legislação nacional, objetivando o engajamento das comunidades escolares na implementação do Novo Ensino Médio, apresentamos algumas considerações que irão esclarecer e tirar dúvidas sobre o percurso do Novo Ensino Médio em Sergipe.
Escola-piloto
Uma das escolas-piloto do Novo Ensino Médio em Sergipe é o Colégio Estadual João XXIII, localizado em Ribeirópolis. A adesão foi feita em 2018, e as atividades foram iniciadas em 2019. A diretora Deidiane de Jesus Andrade explica que o modelo de ensino foi iniciado com as turmas do 1º ano, com os Projetos de Vida no contraturno, e ao longo do tempo foi sendo ampliado, ofertando atualmente a Língua Espanhola e as atividades integradoras, trabalhadas por área do conhecimento e integrando as diversas disciplinas. Neste ano de 2021, as turmas do 1º ano do Ensino Médio já se iniciaram com a matriz completa do Novo Ensino Médio.
Ela afirma que o Novo Ensino Médio só traz benefícios aos alunos, deixando-os mais tempo na escola e gerando melhores resultados. “Quando isso é trabalhado de maneira sistematizada, com uma matriz pensada para o desenvolvimento desses jovens, a gente consegue resultados melhores. O grande diferencial ainda é o Projeto de Vida. Temos alunos que vivem uma realidade em que eles não têm grandes perspectivas por falta de oportunidade e de conhecimento. Com o Projeto de Vida, eles já começam a refletir que podem ter, buscar e conquistar os seus sonhos por meio da escola”, declarou.
A pedagoga e articuladora do Novo Ensino Médio da unidade de ensino, Kátia Menezes de Jesus Santos, destaca os diferenciais desse modelo de ensino, como o Projeto de Vida, metodologia trabalhada de acordo com os parâmetros da Base Nacional Comum Curricular e com o apoio de material fornecido pela Secretaria de Estado da Educação, do Esporte e da Cultura (Seduc).
Além disso, há as atividades integradoras, nas quais são trabalhadas oficinas e núcleos de criação artística. Exemplos dessas atividades são o “Show de Talentos”, evento que acontecerá de maneira ainda virtual, no mês de novembro, em que os alunos farão apresentações de canto, dança e poesia, em novembro; o “Mama África”, que será realizado também em novembro, de maneira presencial, com apresentações e pesquisas sobre a comemoração do Dia da Consciência Negra; e o “Comunica João”, atividade voltada para a comunicação, que será feita junto ao projeto da rádio da escola.
A equipe gestora também tem trazido, de maneira virtual, profissionais de diferentes áreas para dialogar com os alunos, a fim de que eles possam conhecer os mais variados tipos de profissões e carreiras profissionais, além de saberem mais sobre o empreendedorismo.
“O Novo Ensino Médio traz novos horizontes aos alunos. Eles podem conhecer bem mais do que conhecem com o ensino tradicional, porque abre novas perspectivas. A estrutura do Novo Ensino Médio requer que os professores trabalhem de uma forma ordenada e interdisciplinar. Ele vem preparar mais o aluno para a vida, pois terá a possibilidade de escolher a área em que tem mais afinidade para poder fazer os itinerários formativos”, disse.
Alunos e professores aprovam
Atualmente, cerca de 200 alunos do Colégio Estadual João XXIII estudam no Novo Ensino Médio. Professores e estudantes aprovam as diferentes atividades e projetos aos quais têm acesso por meio desse modelo de ensino. A aluna Gleice Kelly Costa Meneses, do 2º ano, destaca que o Novo Ensino Médio “faz os alunos adquirirem mais conhecimentos e facilitarem a aprendizagem´´. Já o seu colega Lúcio Daniel Santana Batista ressalta que “tanto o Projeto de Vida quanto às atividades integradoras fazem os estudantes refletirem mais sobre suas próprias vidas. Semanalmente é abordado um tema, como as atividades que eles podem desenvolver até chegar ao seu futuro profissional”.
O jovem Erick de Jesus Santana explicou como o Novo Ensino Médio pode ajudar os estudantes por meio da sua estrutura de ensino. “As atividades integradoras fazem a gente desenvolver outras habilidades. Estamos, por exemplo, com o projeto de sustentabilidade, no qual a gente enxerga como a reciclagem pode ajudar o meio ambiente. Já o Projeto de Vida busca com que tenhamos a capacidade de escolher profissões, identificar e aprender mais sobre os nossos sentimentos. Ele faz a gente enxergar melhor o nosso futuro”, afirmou.
A aluna Karla Kamilly Lima Oliveira, do 1º ano, acredita que o Novo Ensino Médio ajuda também a preparar melhor os estudantes para o Enem. “O foco dessa fase de estudos é o que vamos fazer no futuro para entrar no mercado de trabalho. As atividades, como os Projetos de Vida, ampliam a nossa visão e fazem a gente realmente entender sobre o que queremos para as nossas vidas”, disse. O professor Fabrício Ricardo Santos, de Língua Portuguesa, ressalta a importância da interdisciplinaridade nesse modelo de ensino. “Percebo uma união maior entre as várias disciplinas e as quatro principais áreas do conhecimento. E percebo uma empolgação maior, porque a gente sai daquele estudo decoreba. A gente entra em um estudo que valoriza o conhecimento deles agregado ao conhecimento dos livros e às informações que trazemos para eles. Além disso, o Novo Ensino Médio estimula neles o protagonismo. O aluno produz, vai em busca, participa mais ativamente. E isso faz com que ele se prepare enquanto cidadão, enquanto membro ativo da sociedade”, declarou.
Por Ítalo Marcos