Cotidianamente a população trans é vítima de diversas formas de violência e homicídio, resultado de uma sociedade transfóbica, machista, sexista, racista e que se mantem calcada em tantas formas de opressão. O enfrentamento para que essa população possa viver com dignidade, perpassa pela conquista de políticas públicas que possam garantir direitos fundamentais.
A emenda proposta pela vereadora Linda Brasil (PSOL), que destina recursos para a atenção à saúde e cobertura da atenção básica, apesar de aprovada na Câmara dos Vereadores, foi vetada pelo prefeito. A iniciativa abriria a possibilidade mão só para a implementação do ambulatório trans, como de atendimento especializado às pessoas e grupos vulnerabilizados em Aracaju, como idosos e pcd’s.
O veto do prefeito coloca mais uma vez a população trans e demais grupos em situação de risco, uma vez que contribui para a manutenção da exclusão e da falta de acesso a uma política de saúde respeitosa, que possa mudar a realidade da expectativa de vida dessa população, que é de 35 anos.
“É preocupante porque muitas delas fazem automedicação, porque muitos profissionais de saúde e unidades de saúde não tem a especialização para atender esse público, por isso o movimento trans organizado está aqui junto com os professores/as do município e com os agentes de saúde e endemias, para que possamos derrubar os vetos se forem votados”, destacou a vereadora.
Aracaju é uma das poucas capitais que que não tem esse ambulatório tão importante para a comunidade trans, atualmente no Brasil há cerca de 33 espaços que funcionam ambulatório trans, espaços como esses são fundamentais para a garantia da vida das pessoas trans.
Apesar Conselho Nacional de Saúde (CNS) ter aprovado em 2008 a Política Nacional de Saúde Integral de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais, sua implementação ainda é uma luta para os movimentos sociais, entidades e todes aqueles que lutam por uma assistência à saúde digna para toda a população.
Movimento trans nas ruas
Na terça-feira, 22, o movimento trans de Sergipe estará organizado em frente à Câmara Municipal de Aracaju para pleitear a derrubada do veto do prefeito Edvaldo Nogueira. As organizações vêm dialogando com as/os parlamentares e com toda a população acerca da importância da emenda nº156, que garante recursos para a implementação de políticas de saúde, entre elas, a instalação de um ambulatório trans em Aracaju.
“A derrubada desse veto é muito importante, porque abre a possibilidade para a existência de um ambulatório trans, que é algo que nós mulheres trans e homens trans precisamos bastante, porque abrange profissionais qualificados e até medicamentos que são essenciais pra população trans. A falta de verba, a falta de um ambulatório trans leva a população a automedicação, e algumas ficam sem fazer as terapias hormonais por não ter dinheiro, então a derrubada do veto abre a possibilidade de termos esperança, é o início da luta, por isso a gente segue persistindo e mobilizando as pessoas a estarem presentes no ato”, reforçou Brunna Nunes, da Ong TransUnides.
por Laila Batista