Riachão do Dantas, a aproximadamente 143 quilômetros da capital sergipana, Aracaju, realiza a terceira edição do Festival de Inverno de Palmares. O evento foi iniciado na sexta-feira, 09, no povoado conhecido como a ‘Suíça Sergipana’, terminou ontem, 10. Bastante aguardado, o evento atraiu visitantes da região e de outros municípios. Organizado pela Prefeitura Municipal, por meio da Secretaria de Cultura e Turismo, apresenta uma programação diversificada, com variadas manifestações culturais, gastronomia e artesanato.
Com palcos ao ar livre em pontos estratégicos, além de áreas de convivência e praça de alimentação, o Festival de Inverno se tornou um ponto de encontro para amantes da música e da cultura local. A programação conta com apresentações teatrais de grupos folclóricos, a exemplo de São Gonçalo, Nova Primavera, que dança o samba de coco, e Batucada de Quilombo. Também há a feira gastronômica com pratos típicos da culinária sergipana, além de shows com artistas regionais e nacionais, como Sergival e Banda e o cantor Dorgival Dantas. Este ano, a historiadora Terezinha Oliva, natural de Riachão do Dantas, foi a personalidade homenageada com a exposição ‘Terezinha Oliva, a história de mulheres que fazem acontecer’.
O secretário de Estado do Turismo, Marcos Franco, destaca a importância da realização do evento, frisando, em especial, a diversidade de atrativos turísticos que Sergipe dispõe. Além disso, segundo ele, embora o estado tenha como característica o clima quente, os visitantes também podem vivenciar o ameno inverno sergipano no Povoado Palmares. “O Festival de Inverno em Riachão do Dantas é um evento diferenciado, que aproveita o clima frio para valorizar as tradições sergipanas em um período após os festejos juninos. Desse modo fomentando o comércio local e desenvolve o turismo na região. Fico feliz em constatar que, a cada ano, esse evento vem se consolidando no calendário turístico-cultural do estado”, considerou.
A prefeita Simone Andrade Farias Silva destaca a rica história da ‘Suíça Sergipana’, cujas baixas temperaturas há muito tempo vêm sendo divulgadas em rede nacional. “Desbravamos o Festival de Inverno em Palmares para explorar esse turismo do frio, e vem dando certo. Não é só uma festa. É também um resgate da identidade cultural. Enaltecemos nossos artistas e intelectuais, como também as manifestações culturais, com uma mistura de folclore, história literária, forrozinho, axé e ritmos variados com o frio que só Palmares tem. Cada edição está sendo um avanço para essa região”, afirmou.
Visitantes
Vestida como manda o figurino – bem-agasalhada para suportar os 16 graus que fez no início da noite de estreia da festa –, a professora aposentada Aparecida Lima visitou o evento pela segunda vez. “Considero que, a cada ano, está melhor. Gostei da decoração e do clima friozinho. Acho que somos o lugar mais frio de Sergipe. Mas, principalmente, acho que o evento é muito importante para as pessoas, não só de Riachão, como de fora, conhecerem como nossa cultura é bonita e que merece ser valorizada”, opinou. Dona Aparecida foi acompanhada do pai, Eduardo Alves, do filho, Abraão Moreira, e da amiga, Eliene Correia.
Estreante no festival, a jovem professora Elizangela Cardoso, do povoado riachãoense Alto do Cheiro, foi com um grupo de colegas da Escola Municipal Ursino Souza Ramos, onde leciona. “Estou gostando muito, porque valoriza a cultura de Palmares e de Sergipe. Gostei de tudo o que vi até agora: da decoração, do clima frio, das manifestações culturais e da gastronomia. Tudo está me agradando muito. Palmares tem potencial para desenvolver o turismo regional e atrair visitantes e turistas até de outros estados”, avaliou.
Orgulho da cultura
No auge de seus 67 anos, a lavadora Maria José da Silva, que mora em Riachão do Dantas, faz parte do Nova Primavera, um grupo de mulheres – a maioria, idosas – que existe há três anos e que se apresenta dançando o samba de coco. “É uma maravilha participar do grupo. A gente se sente bem, fica à vontade. Tenho orgulho de participar de um evento como esse, um festival num povoado distante e ver que as pessoas estão aqui nos assistindo. É uma maravilha!”, declarou.
Segundo a presidente da Academia Riachãoense de Letras, Artes e Cultura (Arlac), Edleide Rosa, o Festival de Inverno em Palmares é muito significativo para o povo de Riachão, não só culturalmente, mas, também, na questão do turismo. “Sergipe é um estado onde o turismo está muito voltado para sol e praia, mas temos aqui uma região que está toda em volta da Serra de Palmares, onde temos o frio, principalmente neste período de agosto. Então, este festival representa uma nova perspectiva turística: o turismo na serra, o turismo no frio. Para a alegria nossa, somos a ‘Suíça Sergipana’”, comentou.
Edlieide Rosa ressaltou, ainda, a homenagem a Teresinha Oliva, considerada a maior historiadora em atividade em Sergipe. “Terezinha Oliva é uma pérola. E o que a gente pode fazer de melhor? Apresentá-la, especialmente, às novas gerações. Ainda na infância, a família dela se mudou para Aracaju, mas Terezinha está aqui de volta, contribuindo mais diretamente com sua terra de origem e manifestando esse amor que traz dentro dela por Riachão. Apresentar a professora, a historiadora e pesquisadora Terezinha Oliva aqui neste festival muito nos honra”, assegurou.
Terezinha Oliva, por sua vez, disse estar bastante emocionada por ser homenageada pelo povo da terra onde nasceu. Inclusive, disse estar surpresa pela concessão da honraria. “Nunca me imaginei sendo homenageada. Este festival é um sonho da região, um sonho de Riachão. Então, eu ser homenageada dentro das atenções deste festival é uma honra imensa. Eu me sinto mais ligada ainda à minha terra”, externou. Além disso, como historiadora, ela considera que o Festival de Inverno de Palmares fomenta mais atenção dos historiadores para a região.
Reconhecimento
Declarado de Interesse Cultural do Estado, por meio do Projeto de Lei nº 73/2023 de autoria da deputada Maisa Mitidieri (PSD), o Festival de Inverno de Palmares tem a finalidade de mostrar aos visitantes o período da estação fria da região. Além disso, apresenta a riqueza histórica, gastronômica e cultural dela, por meio das várias manifestações artísticas desenvolvidas durante o período do festival. O evento conta com a participação efetiva da comunidade, de grupos folclóricos e com o artesanato confeccionado por mulheres da comunidade, fomentando o comércio local e, consequentemente, a geração de renda, além da participação de pessoas que buscam lazer e diversão.