
Neste dia 22 de março, quando se comemora o “Dia Mundial da Água”, a Fundação SOS Mata Atlântica afirma que os rejeitos da barragem da Vale Córrego do Feijão, em Brumadinho (MG), rompida há quase dois meses, já chegaram ao rio São Francisco.
A conclusão está no relatório “O retrato da qualidade da água nas bacias da Mata Atlântica”, divulgado hoje, onde também apresenta o resultado de sua segunda expedição pelo rio Paraopeba até o Alto São Francisco.
Entre os dias 8 e 14 de março, a equipe da SOS Mata Atlântica revisitou a região até o Alto São Francisco para verificar a presença de rejeitos. Dos 12 pontos analisados pela organização, nove estavam com condição ruim e três regular, o que torna o trecho a partir do Reservatório de Retiro Baixo, entre os municípios de Felixlândia e Pompéu até o Reservatório de Três Marias, no Alto São Francisco, com água imprópria para usos da população.
Ainda segundo o relatório, o reservatório de Retiro Baixo está segurando o maior volume dos rejeitos de minério que vem sendo carregados pelo Paraopeba. “Apesar das medidas tomadas no sentido de evitar que os rejeitos atinjam o rio São Francisco, os contaminantes mais finos estão ultrapassando o reservatório e descendo o rio e já são percebidos nas análises em padrões elevados”, diz um trecho do estudo.
Governo não confirma
O superintendente de Recursos Hídricos de Sergipe e coordenador da Câmara Técnica de Articulação Institucional do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco, Ailton Rocha, informou com exclusividade ao AJN1 que a informação do relatório deve ser avaliada com prudência, e frisa que não há nenhuma comprovação do governo, por meio da Agência Nacional de Água.
“É preciso muita cautela com estes informes, pois não partem de nenhum órgão oficial. Muito embora os informes oficiais talvez não expressem a real situação. Como a notícia vem de veículo de comunicação em massa e os mesmos tendem a maximizar as tragédias, acho prudente confirmar a informação. Com base em fontes alternativas e independentes e também extraoficiais, afirmo que a notícia da contaminação à jusante da usina de Retiro-Baixo ainda não foi comprovada. Continuamos atentos”, pondera o professor.
Tragédia
No dia 25 de janeiro deste ano, a barragem da Mina Córrego do Feijão se rompeu, matando, até agora, 210 pessoas, além de contaminar o rio Paraopeba, um dos afluentes do rio São Francisco. A lama devastou a área administrativa da Vale, além do refeitório, onde muitos trabalhadores almoçavam na hora do rompimento.
Por Joângelo Custódio/AJN1