Há dez meses, a Prefeitura de Aracaju implementou, por intermédio da Secretaria Municipal da Saúde (SMS), o Serviço de Atendimento Domiciliar (SAD), que tem como objetivo ampliar o atendimento humanizado já prestado aos usuários do SUS da capital.
As equipes multidisciplinares realizam visitas domiciliares aos pacientes aceitos no programa, os quais, em sua maioria, são oriundos da rede de urgência do município, atualmente composta pelos Hospitais Municipais Fernando Franco e Nestor Piva e os leitos de retaguarda do Hospital Santa Izabel.
Com a ampliação gradativa do serviço, desde o mês de agosto deste ano, todas as 45 Unidades Básicas de Saúde (UBSs) também passaram a encaminhar solicitações para esse tipo de atendimento, respeitando os critérios básicos que enquadram o usuário no serviço.
Desde a implantação até o momento, 165 solicitações foram recebidas, sendo 117 aceitas. Desse total, 67 pacientes seguem acompanhados pelo serviço, 39 pacientes já receberam alta médica e 11 faleceram.
José Jorge, 66 anos, é um dos pacientes acolhidos pelo serviço. Morador do bairro Santa Maria, o idoso está acamado há um ano e meio, por sequelas de AVE (Acidente Vascular Encefálico), e foi admitido pelo SAD por apresentar um quadro delicado de lesões por pressão que infectaram.

“Essa lesão por pressão que o paciente apresentava era uma ferida em região sacral, já infectada e precisando de cuidados especializados. Para que ele não precisasse ser internado, o admitimos no serviço e iniciamos o plano terapêutico com medicações intravenosas como antibióticos e pomadas que somente o enfermeiro pode utilizar nessa ferida. Inicialmente, fazíamos visitas duas vezes por dia, para trocar o curativo. Com a melhora gradativa e as instruções dadas ao filho dele, passamos a visitá-lo duas vezes por semana”, detalha o médico do SAD, Raphael Andrade.
Participação da família
Ainda de acordo com o médico, a participação da família é essencial no processo de recuperação do paciente, além de estreitar os laços no ambiente domiciliar, bem como o vínculo com a unidade de saúde a que o paciente é referenciado.
“O SAD tem como objetivo evitar a internação, e para que consiga contemplar mais pessoas que necessitem do serviço, cuidamos para estabilizar esse paciente. Quando isso ocorre, programamos a alta médica. Mas se em algum momento o paciente precisar novamente do serviço, nós o readmitimos”, salienta o profissional.
Filho de José Jorge, o sinaleiro de groa Pedro Alcântara reconhece que o atendimento do SAD fez toda diferença na rotina de cuidados com do seu pai. “Esse serviço é maravilhoso. Soubemos do SAD através do posto de saúde e após a visita da assistente social, no dia seguinte, a equipe já estava aqui cuidando do meu pai. A lesão era muito grave, e se não fosse o serviço e o trabalho deles seria muito mais difícil. Atualmente sem renda, por estar sem trabalho e meu pai sem aposentadoria, estamos vivendo da ajuda de amigos. Ter esse serviço, com esses profissionais tão cuidadosos, é muito bom”, reconhece Pedro.
Equipe multiprofissional
Atualmente, compõem o SAD uma equipe formada por nove médicos (sendo um dermatologista), oito enfermeiros, 13 técnicos de enfermagem, dois fisioterapeutas, dois assistentes sociais, uma nutricionista, uma fonoaudióloga e uma psicóloga.
Essa equipe se divide em quatro Equipes Multidisciplinares de Atenção Domiciliar (EMAD), compostas por médicos, técnicos de enfermagem, enfermeiros e fisioterapeuta; e uma equipe multiprofissional de apoio (EMAP) composta por nutricionista, fonoaudióloga, assistente social, fisioterapeuta e psicóloga.
“Cada profissional do SAD atua de acordo com sua área e conforme necessidade do paciente dentro da linha de cuidado que foi estabelecida em conjunto. São ofertados acompanhamentos médico, cuidados de enfermagem, fisioterapia com foco em reabilitação, nutrição individualizada, atenção psicológica, fonoterapia e cuidados do serviço social. Tudo isso respeitando a evolução individual de cada paciente”, ressalta a coordenadora do SAD, Natália Coelho.
Acesso ao serviço
Os pacientes admitidos pelo SAD são encaminhados pela rede de saúde, não se trata de um serviço porta aberta. Pacientes hospitalizados na Rede de Urgência do município são encaminhados pela própria unidade hospitalar. A equipe multidisciplinar realiza uma avaliação do paciente ainda hospitalizado antes de admiti-lo, e a família desse paciente também é contatada e recebe a visita da equipe antes da desospitalização do paciente.
Já os pacientes encaminhados pelas Unidades Básicas de Saúde, antes da admissão no SAD, recebem a visita da equipe multidisciplinar para avaliação e formulação do plano terapêutico.
“A quantidade de visitas é definida a partir da admissão e do quadro que o paciente apresenta, podendo ocorrer diariamente, incluindo os fins de semana, ou em dias alternados. À medida que há uma melhora no quadro e há autonomia dessa família no cuidado desse paciente, ele recebe alta médica e é religado à Atenção Básica para que o acompanhamento ao longo da vida dele seja feita pelo posto de saúde”, reitera Natália.
O tempo de acompanhamento do Serviço de Atendimento Domiciliar é de, idealmente até 60 dias, e quando o paciente está apto para a alta médica, é emitido um relatório médico, documento que é entregue à família do paciente e encaminhado para a Unidade Básica de Saúde, que voltará a acompanhar o usuário pela Rede de Atenção Primária.
Caso haja necessidade de novo atendimento pelo SAD, a UBS informa à equipe, que realiza nova avaliação multidisciplinar do paciente e traça um novo plano terapêutico.