Em meio ao aniversário de privatização da Vale, que fez 20 anos, no primeiro sábado deste mês, e cujo atual valor de mercado é 1.000% maior que àquele do dia 6 de maio de 1997, dados mais recentes do Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS), de 2016, aponta que Sergipe tem o quinto maior índice de perda na distribuição de água tratada do Brasil. A taxa do estado é de 53,1%, enquanto que no país a média é de 36,7% e dentro da região Nordeste, o estado só perde para o Maranhão. Em números, a perda do estado representa mais de 100 milhões de litros de água desperdiçados.
Segundo o SNIS, essas perdas são decorrentes de vazamentos em adutoras, redes, ramais, conexões, reservatórios e outras unidades operacionais do sistema. Esses vazamentos são verificados principalmente em tubulações da rede de distribuição, provocados especialmente pelo excesso de pressão em regiões com grande variação de relevo.
Além disso, também estão inclusas nos 53,1% as perdas chamadas de “não físicas”, que é a água que foi efetivamente utilizada porém não foi medida e deixou de gerar faturamento à empresa prestadora do serviço. Isso compreende situações como erros de medição (hidrômetros inoperantes, com submedição, erros de leitura, fraudes), ligações clandestinas, “gatos” e falhas no cadastro comercial.
Em termos de faturamento total ou quanto à empresa deixa de lucrar com essa perda, a taxa do estado é a décima terceira maior do país, situando-se em 42,2%. Traduzindo: a cada R$ 100 mil faturados outros R$ 42 mil deixam de ser auferidos.
Os dados evidenciam um problema nacional que somados a má qualidade do serviço de saneamento básico reduz a produtividade dos trabalhadores, aumenta os custos de implantação de unidades industriais e compromete o desenvolvimento da economia. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), para cada US$ 1 investido em água e saneamento, são economizados US$ 4,3 em custos de saúde no mundo. Estudo recente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), por sua vez, estima que para cada R$ 1 bilhão investido no setor de saneamento podem ser gerados R$ 3,1 bilhões de acréscimo no valor bruto da produção no país, além de 58,2 mil empregos diretos e indiretos.
O Chile, por exemplo, tem 94% de participação privada nas concessionárias privadas de água e esgoto e detém 99% das residências do país atendidas com rede de esgoto, enquanto que 98% dos dejetos coletados sãos tratados. No Brasil, apenas 5% das empresas são privatizadas e os índices estão muitos distantes.
Estado | Índice de perdas na distribuição de água (em %) |
MA | 62,6 |
SE | 53,1 |
PE | 51,0 |
RN | 50,4 |
REGIÃO NORDESTE | 45,7 |
AL | 45,4 |
PI | 43,8 |
CE | 41,2 |
PB | 37,7 |
BA | 36,1 |
Fonte: SNIS 2016.
Por Kamilla Ribeiro