Líder do Governo em exercício no Senado Federal criticou mercantilização do ensino, alertou para exploração das famílias e defendeu papel do Estado na regulação da medicina
O senador Rogério Carvalho (PT/SE), líder do Governo em exercício no Senado Federal, fez um discurso contundente nesta quarta-feira, 03) durante reunião da Comissão de Assuntos Sociais (CAS), em defesa da criação de mecanismos mais rígidos para regular a formação médica no Brasil. O debate ocorreu em torno da implementação de um exame de proficiência para os profissionais da área.
Segundo o parlamentar, o país precisa ser firme na regulação do setor. “A gente precisa ser mais explícito e duro com relação às medidas restritivas, para não dar sinais trocados em relação às faculdades que se transformaram em fábricas de sonhos roubados. Elas vendem o que não podem entregar. É preciso devolver a dignidade às famílias e aos estudantes”, afirmou.
Teto para formação de médicos e fortalecimento do Mais Médicos
Carvalho defendeu também que o Brasil estabeleça um teto máximo para a formação de médicos, citando proposta feita ainda em 2013, quando da aprovação do programa Mais Médicos. “Propus que houvesse um limite de até cinco médicos por mil habitantes, porque todo país com sistema público universal precisa ter controle sobre a formação. Esse custo só pode ser equilibrado com número regulado de profissionais”, destacou.
O senador criticou a lógica de mercado aplicada ao ensino médico e ressaltou o papel do Estado e do Conselho Federal de Medicina (CFM) na regulação. “Não podemos fingir que o mercado regula isso. Quem deve regular é o Estado. O CFM é uma autarquia especial e não pode se furtar à sua responsabilidade com o interesse público”, pontuou.
Prova de proficiência e responsabilidade social
Ao relembrar o contexto político de 2013, o líder do Governo afirmou que disputas partidárias prejudicaram a regulação do setor. “O Fla-Flu político destruiu mecanismos que garantiriam qualidade. Não podemos negar a necessidade de uma prova ou exame de proficiência. Isso é indispensável para assegurar profissionais bem formados, sem transferir todo o ônus para as famílias”, argumentou.
Ele também criticou o alto custo da formação médica e a concentração do setor nas mãos de grandes conglomerados. “Um curso de Medicina custa mais de um milhão e duzentos, chegando a um milhão e meio de reais. Em um país pobre e desigual, não podemos permitir que conglomerados continuem explorando a boa-fé das pessoas”, alertou.
Por fim, o senador reiterou sua defesa do exame de proficiência e da integração das medidas já adotadas pelo Ministério da Educação (MEC) e pelo Ministério da Saúde. “Defendo a prova de proficiência e todas as medidas que estão sendo encaminhadas. É preciso um sistema integrado, com a mão firme do Estado brasileiro. Negar isso é fugir da responsabilidade com o interesse público”, ressaltou.
“O que está em jogo não é a opinião deste ou daquele, mas a formação de profissionais de qualidade, com responsabilidade social. Esse é um processo que precisa durar décadas para dar os resultados que todos almejamos”, concluiu.
Fonte: Assessoria de Comunicação – Foto: Daniel Gomes