O Código de Trânsito Brasileiro completou 18 anos em 2016. Detsde o seu nascimento, entre os dias 18 e 25 de setembro, ocorre a Semana Nacional de Trânsito. Aproveitando as ações referenes a ela, a Secretaria de Estado da Saúde (SES), através do Núcleo Estratégico (Nest), lança o Informe sobre Acidentes de Trânsito em Sergipe, um estudo que retrata o cenário de mortalidade e morbidade causado pela violência nas vias urbanas e rurais envolvendo veículos.
O material traz abordagem geral sobre o assunto. Este demonstra, por exemplo, que Sergipe, seguindo a tendência nacional nas últimas décadas, apresenta crescente e desordenada urbanização. Paralelamente, a economia ampliou o acesso ao crédito, melhorando o poder aquisitivo do cidadão que, paulatinamente, trocou o meio de transporte coletivo pelo individual.
“Comparando o período de 2006 a 2015, observamos aumento percentual de 145,75% no número de meios de transporte em geral. A partir de 2010, observa-se declínio na frota de carros e aumento de ciclomotores. Já a de ônibus se manteve praticamente a mesma nos 10 anos estudados, o que contribuiu, significativamente, para o número de mortes no trânsito”, diz o estudo, coordenado por Eliane Aparecida do Nascimento, do Nest/SES.
Frota por região
O mesmo trabalho revela que a análise, quando realizada por região de Saúde (sete, no total), retrata resultados diferentes. “Na de Aracaju, por exemplo, houve variação percentual negativa de veículos (- 9,42). Em contrapartida há incremento para ciclomotores (+45,44)”, informa.
Já na Região de Lagarto, houve decréscimo de -16,28 para veículos e aumento percentual de 18,85 para os ciclomotores. Na área de Estância, para o mesmo período, ocorreu variação percentual positiva na proporção de ciclomotores x frota, de 19,47, com destaque para os municípios de Pedrinhas, Boquim e Tomar do Geru que, em 2015, apresentaram os ciclomotores como 64%, 61,18% e 60,69%, respectivamente, da frota total destes municípios.
“Chamamos atenção para os municípios cujas variações percentuais positivas de ciclomotores foram superiores a 100: Rosário do Catete (+251,60), Japaratuba (+129,33), Pirambu (+120,43), Carmópolis (+112,67) e Santo Amaro das Brotas (+104,75)”, explicou Eliane, referente ao estudo.
Na Região de Saúde de Itabaiana, ocorreu movimento inverso às demais do estado, apresentando variação percentual positiva no número de veículos entre 2006 e 2015 (12,97) e negativa para os ciclomotores (-1,97). “Este resultado foi produto do aumento proporcional da frota de veículos em nove dos 14 municípios da região, além da redução na de motocicletas em cinco cidades”, complementa a coordenadora do Nest/SES.
A Região de Nossa Senhora da Glória apresentou variação percentual positiva para a frota veicular (0,92), ou seja, dado contrário à tendência nacional e sergipana. Para os ciclomotores, houve também tendência atípica, uma vez que Itabi e Glória apresentaram decréscimo percentual de -0,43 e -1,33, respectivamente, nas suas frotas de ciclomotores.
Já Propriá retrata a tendência nacional e local para o aumento proporcional de ciclomotores e redução de veículos. “Em termos de Região, observa-se que a variação percentual em valores foi praticamente a mesma, sendo um em queda e outro em ascendência”, analisa o estudo.
Por fim, a redução percentual do estado de Sergipe foi de -13,26 para veículos enquanto que para os ciclomotores houve incremento de +32,65.
Mortalidade
No intervalo dos anos em que o estudo foi realizado, nota-se que Sergipe apresentou aumento na taxa de mortalidade entre os anos de 2006 (18,74/ 100mil habitantes) e 2013, quando atinge seu ápice, com 29,65. O índice declinou em 2014 para 23,65 e voltou a se elevar em 2015, com dados preliminares que registram taxa de 24,52 para cada 100 mil habitantes.
“Ampliando a discussão para as Regiões de Saúde, podemos observar que a taxa de mortalidade varia, e que a de Aracaju foi a única que apresentou redução percentual no período, com os menores índices”, complementa Eliane Nascimento, destacando que as áreas de Nossa Senhora da Glória e de Itabaiana foram as responsáveis pelas maiores taxas de mortalidade no período, disputando e alternando o primeiro lugar em mortes por acidentes de trânsito por 100 mil habitantes.
O maior índice demonstrado no período ocorreu em 2010, no município de Itaporanga D’Ajuda (65,73/ 100 mil habitantes). Laranjeiras apresentou linha decrescente a partir de 2011. A capital sergipana mostrou as menores taxas, mesmo quando comparadas as da região e do estado, com variações percentuais negativas ano a ano, que resultaram, entre os anos de 2010 e 2015, numa redução percentual de – 41,21.
Morbidade
Quanto à morbidade, os dados utilizados no Informe foram os da porta de entrada do Hospital de Urgências de Sergipe (Huse), e retratam que o número de atendimentos aumenta com o passar dos anos. O estudo mostra que, quando o acidente é de carro, para cada pessoa do sexo feminino acidentada, há duas do masculino. No caso de acidentes envolvendo ciclomotores, essa estatística aumenta para quatro homens. Outro importante dado revela que, em 2010, para cada vítima de acidente de carro, havia 3,55 vítimas de acidentes de motocicletas, índice que aumentou para 6,80 vítimas em 2015.
Para a coordenadora do Nest/SES, o objetivo do Informe resume-se em contribuir com a conscientização da população sobre a necessidade da redução da violência no trânsito. “A Campanha Nacional segue o compromisso assumido pelo Brasil para a ‘Década Mundial de Ações para a Segurança no Trânsito (2011/2020)’, e envolve todos os estados no alerta sobre a responsabilidade ao volante, visto o grande número de acidentes graves que ocorrem tendo o condutor como principal responsável”, conclui Eliane Nascimento.
Fonte: Ascom/SES