Desde as primeiras horas do Dia de São João, celebrado nesta terça-feira (24), moradores de São Cristóvão já iniciavam a preparação para a Festa do Mastro, um dos eventos mais tradicionais dos festejos juninos do município, reconhecido em 2021 como Patrimônio Cultural Imaterial de Sergipe. O cortejo começou com a pega do mastro, e seguiu em arrastão pelo Centro Histórico, animado pelo trio ao som do forró elétrico de Dudu Moral. À tarde, o comando musical ficou por conta do DJ Lucas Moura, para culminar no levantamento, decoração e queima simbólica do mastro na Estação Ferroviária, iluminada à noite por um espetáculo de fogos de artifício.
Grupo de foliões transportando o mastro
A Festa do Mastro integra o ciclo junino e homenageia santos como São João, Santo Antônio e São Pedro. Na Cidade Mãe de Sergipe, seus rituais, que incluem a escolha, o corte, o transporte, e a queima do mastro, acontecem desde o século XIX e misturam raízes pagãs e cristãs em uma celebração marcada por fé, música, dança e união comunitária. Mais do que uma festa, é um símbolo da resistência e da continuidade de saberes populares.
Dudu Moral, que embalou o cortejo da festa
Os foliões também fizeram seu próprio som
“Acreditamos que isso é muito importante, porque a cultura de um povo é a forma que esse povo tem de se expressar. É o que inspira outras pessoas, é o que vai fazer com que as crianças que estão aqui hoje deem continuidade no futuro. Nós aprendemos com os adultos lá de trás. Hoje, somos os adultos que estão ensinando. E a cultura é isso, uma herança viva, uma maneira de se comunicar, de se emocionar, de celebrar. Essa é a nossa forma de mantê-la viva com música, dança e festa. É só alegria, é só felicidade”, afirmou Danillo Dorneles, um dos líderes da organização do evento.
Danillo Dorneles, organizador
Há 10 anos, o evento é conduzido pelo grupo Fogueterada, formado por 18 organizadores que cresceram acompanhando a tradição e hoje a mantêm viva com a força de muitas mãos. Segundo Renan Alves, um dos organizadores, o grupo se envolveu com o festejo desde a infância, ao admirar os mais velhos preparando a celebração.
“Não é uma nem duas pessoas, é um coletivo que se reuniu com o propósito de fazer essa festa continuar existindo, com o mesmo brilho que a gente via na infância. E o que o público pode esperar hoje é uma festa muito bonita, feita com muito carinho. No ano passado já foi tudo maravilhoso, e este ano preparamos tudo com ainda mais dedicação. É uma celebração feita com amor à cultura e à nossa história”, enfatizou.
Renan Alves, organizador
A Prefeitura de São Cristóvão fornece um apoio essencial para a salvaguarda da festa, garantindo estrutura de som, iluminação, segurança, limpeza urbana e suporte aos artistas envolvidos. O prefeito Júlio Nascimento reforçou o papel das manifestações populares na vida da cidade, destacando a importância de apoiar movimentos como essa festa para a valorização da cultura local.
“Celebrar o São João com essa força comunitária é manter viva a história do nosso povo. A prefeitura seguirá apoiando com orgulho cada tradição que fortalece São Cristóvão, pois, além de fortalecer nossa identidade, a Festa do Mastro movimenta a economia e atrai visitantes, estimulando o comércio e o turismo no nosso município”, afirmou o prefeito.
Júlio Nascimento, prefeito de São Cristóvão
Para Antonia Bispo, moradora do Centro Histórico que desde cedo participou da festa, o que a leva todos os anos a presenciar o cortejo e a queima do mastro é a tradição que permanece em sua família há gerações. “Meu avô era mestre de Caceteiras, e desde criança já venho nesse pique. Desde muito pequena venho à Festa do Mastro, que é maravilhosa, incrível e tudo de bom”, contou animada.
Antonia Bispo, moradora do Centro Histórico
Há 40 anos participando da tradição, Roberto Santos, morador da região, também realçou a alegria de ver o festejo permanecer vivo ao longo dos anos: “Essa tradição do Mastro já vem do tempo dos nossos pais, dos nossos avós. É uma coisa que vem sendo passada de geração em geração. A juventude vai crescendo e vai entrando nessa cultura também, vai acompanhando os pais, os tios, e assim a tradição vai se mantendo viva. O mais bonito é ver uma brincadeira sadia, em que todo mundo participa junto, em um momento de alegria, de união, que anima todo mundo”.
Roberto Santos, morador da região
Participantes da festa
Por Clara Dias
Fotos: Dani Santos