Alunos da escola na Escola Municipal de Ensino Fundamental (Emef) José Antônio da Costa Melo participaram nesta terça-feira, 23, de oficinas de turbante, maquiagem para pele negra e abayomi (boneca negra, significando aquele que traz felicidade ou alegria). A ação faz parte do projeto sobre cultura africana desenvolvido na unidade estudantil desde o ano passado e que agora entra na sua reta final.
De acordo com a diretora da escola, Itamara Leite Lopes, o projeto foi idealizado por uma professora que compartilhou com os colegas que lecionam turmas do 6º ao 9° ano na Costa Neto. A partir daí, todos enfocam nas suas respectivas disciplinas algo relacionado à cultura africana e à influencia no dia a dia. “Desde outubro a gente vem trabalhando e agora é uma culminância do projeto, estamos indo para a parte prática. A questão do turbante, da beleza negra, foram alguns temas discutidos. A ideia é encerrar o projeto com uma grande culminância de afoxé e eles desfilando, mostrando o que eles aprenderam nessas oficinas”, adiantou Itanamara.
Segundo ela, o projeto mexeu com a rotina na escola. As oficinas, realizadas à tarde, atraem os alunos em um horário contrário ao das aulas, movimentando a escola o dia inteiro.
“Isso mexe com a rotina da escola, quebra aquele gelo de ficar só sentadinho aguardando as informações chegarem, os alunos foram atrás, pesquisaram, fizeram exposição, batalharam. Então é um outro movimento na escola, é uma outra dinâmica. Eles ficam mais felizes”, afirmou a diretora da Emef.
Itanamara Lopes destaca ainda que o reflexo do projeto no desenvolvimento dos alunos é visível e vai além da sala de aula. “O projeto busca pensar no que a gente tem da África em nós, às vezes a gente tem e não reconhece. Essa mudança é perceptível e a gente fica feliz em vê-los crescendo dessa forma, diminuindo a agressividade, diminuindo um monte de coisa. Tem mais que valorizar mesmo o que é nosso”, pontuou.
Oficinas
Alunos atentos e dispostos a aprender sobre uso de turbantes, maquiagem para pele negra e confecção de bonecas abayomi. É o caso de Shayllon Marques da Silva, estudante do 9° ano do ensino fundamental. Ele contou que, depois do projeto, passou a prestar mais atenção e se interessar mais sobre cultura africana. Nesta terça, 23, ele optou em fazer a oficina de turbantes, que foi ministrada por integrantes do projeto ‘Por mais turbantes da Rua’.
“Eu achei muito interessante e quis aprender como é. Eu reconheço muito na minha família características da cultura negra e eu gosto de aprender sobre a cultura africana”, disse.
A estudante Mayara da Silva Ribeiro também optou pela oficina de turbantes. Ela pensa no turbante também como possibilidade de renda. “Eu acho muito bonito, envolve o cabelo. Eu já conhecia, mas nunca tentei fazer. Agora eu aprendi e pode ser que eu faça em outras pessoas para ganhar dinheiro”, declarou.
Quem também vislumbra na oficina uma possibilidade de trabalho é a estudante Carolaine Fontes, do 8º ano. Ela optou em fazer a oficina de maquiagem para pele negra. “Eu sou negra e quis conhecer o trabalho num salão. Eu adoro maquiagem. Somos mulheres, gostamos de nos arrumar. Estou achando as dicas muito boas”, opinou.
Já a estudante Vívian Gabriele Santos, do 6° ano, escolheu aprender a fazer boneca abayomi, que é feita de nós. “Eu já conhecia a boneca e quando soube da oficina resolvi aprender a fazer. É a nossa cultura, eu acho muito interessante”, finalizou.
Agência Aracaju de Noticias