A expectativa da produção para a época é de mais de quatro milhões de espigas, cerca de 50% a mais do que no ano passado
A época do ano mais esperada pelos sergipanos está batendo à porta. Cheios de manifestações culturais, os festejos juninos também carregam tradições culinárias exaltadas pela população, como o consumo do milho e pratos derivados, por isso, boa parte da produção do alimento é pensada para abastecer os estoques e atender a alta demanda. Para tanto, o Governo de Sergipe atua para garantir a produção de milho verde, sobretudo nos perímetros irrigados, por meio do trabalho realizado pelos produtores, com o apoio e orientação técnica da Companhia de Desenvolvimento Regional de Sergipe (Coderse).
A expectativa de produção dos perímetros irrigados para o ano de 2025 é de mais de 4,5 milhões espigas de milho até o mês de junho, o que representa um aumento de 50% em relação ao ano passado, quando foram comercializadas pouco mais de três milhões de espigas, segundo levantamento da Coderse. A área correspondente à produção de 2025 é de 157,2 hectares, espaço que conta com infraestrutura do governo para garantia da irrigação adequada à produção.
Para quem é produtor, contar com o perímetro irrigado faz muita diferença na produção, como é o caso do agricultor familiar e administrador de empresas Paulo Henrique de Oliveira, 29 anos, que acompanha o pai na lida no campo desde a infância. Atualmente, o negócio da família é todo focado nas culturas mais procuradas no período junino, em especial o milho. “Somos beneficiados com o perímetro irrigado. Podemos plantar de inverno a verão que sempre haverá produção. Ficamos despreocupados em relação a isso. Não dependemos somente da chuva”, justifica o rapaz, que concilia um emprego na indústria com as obrigações no campo, no Povoado Brejo, em Lagarto.
Segundo ele, a produção de milho do ano passado foi muito boa e a expectativa para este ano é que seja melhor. “Ano passado, foram cerca de 30 mil espigas e os preços ficaram em torno de R$ 40 a R$ 50 a mão [50 espigas]. Só em junho do ano passado faturamos R$ 14 mil e esperamos que neste ano seja melhor”, vislumbra o produtor, que destina sua produção para a Central de Abastecimento (Ceasa) de Aracaju e de Areia Branca. “Eu poderia me sustentar só com o trabalho do campo, se eu quisesse. A produção de milho já me supre, se eu quiser manter só uma profissão”, pontua.
Paulo Henrique relata que o milho é o item mais procurado nessa época junina, mas ele produz, também, batata-doce, macaxeira e maracujá. “Apesar de diversificarmos as culturas, no momento, nosso foco é o milho, por conta do São João. O perímetro irrigado nos ajuda bastante. Nós, produtores, tanto no inverno quanto no verão conseguimos garantir a produtividade. Não ficamos só dependendo da época chuvosa. Conseguimos nos programar”, reconhece.
Demais culturas
Agricultora há 12 anos no Perímetro Irrigado Piauí, em Lagarto, no Ppovoado Fazenda Grande, Mirabel Ferreira dos Santos disse que se prepara para entregar o milho para o consumidor, assim como outros alimentos tradicionais do período junino, como a macaxeira. “A macaxeira está perto de colher. Já dá para vender para o comércio, se eu quiser”, declara a mulher, acrescentando que colhe cerca de 400 a 500 quilos de macaxeira por dia. “Já cheguei a uma tonelada de macaxeira por mês”, informa Mirabel, ao destacar que maio é a época certa de colheita para que a macaxeira esteja à disposição do consumidor em junho.
Por conta do aparato do perímetro irrigado, ela consegue se programar mais de uma vez no ano para a plantação. “Vamos plantar tudo de novo porque temos irrigação. Não tem época de plantar, dá o ano todo”. Além da macaxeira e do milho, Mirabel cultiva em sua propriedade batata-doce, feijão carioca, feijão de corda e amendoim. “Recebo assistência técnica por meio de técnicos da Coderse, que nos visitam e nos instruem. Contamos com a modernidade e tecnologia do perímetro. Eles sempre vêm, de acordo com a nossa demanda”, enfatiza.
Na temporada de São João também é tradição a venda de amendoim, produto típico que já está sendo providenciado nas duas propriedades de oito tarefas do produtor Antônio Barbosa, também assistida pelo Perímetro Irrigado Piauí, de Lagarto, no Povoado Brejo. “Sou um dos beneficiados do programa de irrigação e produzimos durante o ano todo, independentemente da época”, declara o agricultor de 22 anos de idade, que sustenta a casa onde vive com os pais graças ao dinheiro que fatura com a venda de amendoim e milho.
Segundo ele, além do amendoim, até junho sua propriedade disponibilizará de 10 a 15 toneladas de milho prontas para comercializar. “No dia 24 de junho, o milho será entregue à Ceasa de Aracaju e de Maceió”, garante o agricultor, que trabalha com milho há cinco anos. “A produção é tão rentável que pretendo me manter no milho, amendoim e batata-doce. É o que está me rendendo. O perímetro permite isso”, conclui.
Foto: Erick O’Hara