O presidente da Assembleia Nacional da Venezuela, o opositor Julio Borges, garantiu hoje (30) que o presidente Nicolás Maduro pretende anunciar amanhã (1º) uma “Constituinte comunal”, ou seja, sem submetê-la à votação popular. Segundo Borges, isso seria a continuação do “golpe de Estado” no país. As informações são da Agência EFE.
“Queremos deixar muito claro no dia de hoje que qualquer passo em relação a convocar uma Constituinte comunal não é outra coisa que a continuação do golpe de Estado na Venezuela”, afirmou Borges em uma coletiva de imprensa.
Conforme o deputado, tal Constituinte “não será eleita pelo povo”, mas será escolhida “a dedo” e que a mesma terá “todos os poderes que hoje deveriam estar nas mãos de um povo que quer votar”.
O chefe do Parlamento da Venezuela assegurou ainda que já entrou em contato com os chanceleres dos países “mais importantes da região”, de modo a deixá-los a par da ação. Julio Borges acrescentou que os chanceleres estão “alarmados” diante da possibilidade de que a crise na Venezuela “seja agora agravada pela convocação” desta Constituinte.
Eleições livres
A oposição venezuelana vem denunciando há um mês que está acontecendo um “golpe de Estado” no país, depois que o Tribunal Supremo de Justiça (TSJ) emitiu duas sentenças, que foram parcialmente retiradas, nas quais assumia as competências do Parlamento e limitava a imunidade dos deputados.
Borges reiterou que, para a oposição, a solução da crise na Venezuela passa por “eleições livres”, com observação internacional, sem políticos presos “nem inabilitados”, e que se “respeite a Assembleia Nacional”, além da “abertura de um canal humanitário de remédios e alimentos e o desarmamento dos grupos paramilitares”.
“Senhor Nicolás Maduro, quero que fique bem claro […] o problema não é a Constituição, o problema é o senhor. O problema não é convocar uma Constituinte, o problema se chama Nicolás Maduro. O problema não é fazer anúncios para continuar rompendo o tecido constitucional, o problema é fazer cumprir a Constituição”, disse Borges.
O parlamentar da oposição fez um pedido à Força Armada Nacional Bolivariana e aos que têm “o poder” nos tribunais que tenham consciência e estejam ao lado da Constituição.
Da Agência EFE