A Secretaria da Segurança Pública (SSP) divulgou um balanço apontando umaredução de 31% no número de assaltos a ônibus na Grande Aracaju em julho, mas segundo o Sindicato dos Trabalhadores no Transporte Rodoviário (Sinttra) não há o que comemorar porque a trégua nas ações criminosas dentro dos coletivos durou bem menos do que o esperado.
Após a morte do cobrador David Jonathan Barbosa, 26 anos, no dia 13 de julho, a média de assaltos que era de quase sete por dia caiu para um, no entanto, em apenas dois dias, a incidência de ações criminosas dentro dos veículos voltou a subir, superando os doze dias anteriores, conforme informações do vice-presidente do Sinttra, Francisco de Assis. “Do dia 14 ao dia 25 foram computados 11 assaltos, mas entre os dias 26 e 27 ocorreram 13, ou seja, o número de assaltos está se elevando”, contabiliza.
A SSP registrou entre os dias 1 e 28 de julho, 61 assaltos a ônibus na região metropolitana, contra 195 em junho. Mas, o balanço do Sinttra é diferente. De acordo com o Sindicato, no período, foram registradas 109 ocorrências, ou seja, 45% a menos do que no mesmo intervalo de tempo do mês anterior, quando foram notificados 200 assaltos.
A redução apontada pela SSP é fruto, segundo a pasta, da intensificação do trabalho das Polícias Civil e Militar com patrulhamento ostensivo e abordagens a ônibus. O Sinttra reconhece o trabalho das forças policiais, mas critica a atual legislação que, na ótica do sindicato, faz a Polícia enxugar gelo.
“Muitos menores são presos após os assaltos, mas às vezes liberados enquanto o registro da ocorrência ainda está sendo feito na Delegacia. Outros, com mais de 18 anos, são soltos na audiência de custódia porque a Justiça considera roubo de pequeno porte, ou seja, a Polícia fica de braços cruzados. No caso do meu colega David, dos três suspeitos, o único que era menor estava com a arma e atirou, mas ele só deve ficar 45 dias no Cenam porque está perto de completar 18 anos”, observa Assis.
A fragilidade da legislação também já foi criticada pela SSP, no entanto, a população não aceita esse argumento como justificativa para vulnerabilidade do serviço, sobretudo porque, basta uma volta nos coletivos ou nos terminais para perceber que a insegurança avança, e os dados refletem isso. Em todo o ano passado foram registrados 1.201 assaltos no transporte público. Este ano, de janeiro a julho, já são 1.058.
“O ônibus estava saindo do terminal da Zona Oeste por volta de 23 horas quando cinco adolescentes subiram e com uma peixeira anunciaram o assalto. Eles roubaram quase R$ 75 do caixa e tentaram também assaltar os passageiros, mas o pessoal ameaçou linchar eles, então, decidiram fugir”, relata um cobrador, vítima de assalto no final da noite dessa quinta-feira (28), que terá a identidade preservada.
Por Will Rodriguez/Portal F5 News