Um estudo realizado pela Secretaria de Polícia Econômica do Governo Federal deu conta que as mulheres, jovens e as pessoas com baixa escolaridade são as mais afetadas com o desemprego no Brasil. A pesquisa avaliou o perfil de quem procura emprego há mais de dois anos e conforme os resultados, a cada três trabalhadores desempregados, dois são mulheres. Além disso, metade das pessoas que estão sem emprego por muito tempo têm entre 17 e 29 anos. Elas acabam caindo na informalidade ou desistindo de procurar emprego, fenômeno chamado pelos economistas de “desalento”.
Para o economista e dirigente do Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos em Sergipe (Dieese), Luís Moura, o Brasil vivencia uma crise econômica há mais de dois anos e os “extremos” são os mais afetados. “Existem hoje 15 milhões de desempregados no Brasil, uma taxa de 14,7%. No caso do Estado de Sergipe, nós temos um desemprego de mais de 20%, com 226 mil desempregados. É a segunda maior taxa do país.
A situação do Estado, apesar de não ser investigado pela Secretaria de Política Econômica, é pior do que a média nacional”, aponta o especialista. Ainda segundo Moura, o desemprego de longa duração é de difícil reversão. “A pessoa desempregada há mais de dois anos acaba se adaptando com a informalidade, com os pequenos bicos para garantir sua sobrevivência. Com isso, muito dificilmente ela se prepara para uma retomada do desemprego. Ou seja, quem tá desempregado dificilmente vai buscar um curso de capacitação para o momento da retomada da economia”, disse o economista.
O levantamento da secretaria também aponta que, do total analisado, 80% dos jovens desempregados por mais de dois anos têm baixa qualificação. No máximo, possuem nível médio – 38% deles não possuem sequer esse nível de escolaridade. O material avalia, ainda, o tempo que o trabalhador está à procura de ocupação para identificar a taxa de desemprego de longo prazo (TDLP), definida como o tempo de procura por um emprego superior a dois anos. “Essa população precisa ser ajudada.
O Bolsa Família, que é um programa de transferência de renda, não resolve o problema dessas pessoas pelo seu valor muito baixo. Teria que ter uma complementação de algum tipo de transferência de renda combinado com alguma qualificação para que esse trabalhador tivesse suas oportunidades melhoradas. Sem isso dificilmente ele vai conseguir retornar ao mercado de trabalho”, acredita o economista.
Por Laís de Melo
Foto: Jadilson Simões