O pré-candidato ao governo de Sergipe pelo PMN, Milton Andrade, está pela primeira vez numa disputa eleitoral. Aos 30 anos de idade, sua intenção é ser protagonista da mudança e, para isso, o empresário e advogado revela a vontade de pôr em prática uma nova forma de fazer política, através de propostas que vão desde a renovação política, combate irrestrito a corrupção, até a gestão eficiente da máquina pública. Em entrevista ao Jornal Correio de Sergipe, Milton, que nos últimos anos se dedicou a missão de recuperar empresas em dificuldade econômica, defende que é preciso quebrar as oligarquias, romper a sequência “desse grupo político que aí está no comando do nosso estado, para que a gente devolva à Sergipe o ciclo virtuoso do crescimento”. Entre suas propostas de governo, Milton Andrade reforça: “nós temos que reduzir de 22 para oito o Secretarias no governo. Assim, gastaremos menos com a máquina e mais com investimentos nos serviços e infraestrutura”. O pré-candidato destaca ainda propostas para o incentivo ao Agronegócio e ações para melhorar a Saúde e Educação.
Correio de Sergipe – É a primeira vez que irá disputar uma eleição. Aos 30 anos de idade e com uma carreira profissional estável, o que o motivou a entrar para a política?
Milton Andrade – Não aguentava mais tanta insegurança, injustiça e a pior educação para nossas crianças. Não somos uma ilha, o problema do vizinho pode ser o nosso. Então, cheguei a conclusão que todos esses problemas tiveram origem no mesmo setor: a velha política. E se a gente deixou a velha política tomar conta por omissão, nós não podemos mais errar pelo mesmo motivo. Omissão não cabe mais. Vamos para linha de frente.
C.S – O que os sergipanos devem esperar do pré-candidato Milton Andrade?
M.A – Tenho intenção de ser protagonista da mudança. Através de propostas, de uma nova forma de fazer política. Nosso tripé de propostas englobam a renovação política, o combate irrestrito a corrupção e uma gestão eficiente da máquina pública. E quando falo em renovação da política, não é na idade, é na forma de fazer política. Tem muita gente nova com práticas velhas e tem gente mais experiente com práticas novas. Então passa longe da idade.
C.S – O cenário em vários setores no estado não é dos melhores. Enquanto pré-candidato ao governo de Sergipe, qual o caminho que será traçado para alcançar mudanças necessárias?
M.A – Pretendemos implementar tecnologias em todo o serviço público. Sergipe está arcaico. A sala de aula continua com quadro de gesso. Nós vamos melhorar o Ideb, vamos devolver à Sergipe a melhor Educação do Nordeste, vamos melhorar a segurança pública, devolvendo para Sergipe o estado mais seguro do Nordeste. E como faz isso? Com seriedade, com coragem e colocando pessoas técnicas nos lugares certos. Sergipe entrou no abismo. Ele empobreceu. Nós éramos lÍderes em quase todos os rankings há 12 anos e, atualmente, somos líderes negativos de todos os rankings no Brasil. Nós éramos líderes positivo de ranking no Nordeste em renda per capita, educação, qualidade de vida e em acesso a saúde. Hoje nós somos líderes negativos em todos os outros rankings a nível nacional. Então, nosso cenário é um cenário devastador e isso é fruto de gestões populistas, de uma velha oligarquia, de políticos profissionais.
C.S- Entre as propostas de governo, a gestão eficiente e técnica da máquina pública é um dos pilares da sua administração?
M.A – Sergipe vive uma gestão política. Os cargos de confiança, que deveriam ser ocupados por pessoas técnicas, têm sido ocupados – recorrentemente – por políticos, lideranças políticas da capital e interior em troca de apoio. Na Minha gestão não vai haver interferência política nem na segurança pública, nem em órgão nenhum. A Secretaria da Saúde, por exemplo, tem sido ocupada por políticos. Os técnicos não se perpetuam, ao contrário dos políticos.
C.S- Enxugar a máquina pública é a passagem para fora dessa crise a qual vivenciamos?
M.A – Você não tem como solucionar uma crise se não tem corte de gastos. Atualmente nós temos uma máquina completamente inchada com mais de três mil comissionados. Sobre os terceirizados, ninguém sabe quantos são. Você vê um governo que substitui efetivo por cargo comissionado. Temos que ter um governo austero, que priorize a gestão, que desinche máquina pública, que contrate o necessário, que evite desperdício, fechando a torneira. E que invista em infraestrutura para atrair a indústria e gerar emprego e renda. Nós temos que reduzir de 22 Secretarias para oito. Assim, gastaremos menos com a máquina e mais com investimentos nos serviços e infraestrutura.
C.S – O que você, enquanto pré-candidato, pensa a respeito da corrupção?
M.A – Sergipe tem que combater a corrupção com veemência. Nós assistimos atordoados o ‘caso do lixo’, em que uma interferência política desmontou a equipe da Deotap para que a empresa do lixo não fosse alvo de investigações. A delegada Daniele Garcia foi transferida por excesso de competência. Isso porque não interessava ao governo que as investigações evoluíssem. A politicagem tem levado Sergipe para o buraco. Nós estamos no fundo do poço porque a gestão pública deixou de ser gestão pública para ser gestão política, de conchavos políticos, de manutenção de grupos políticos no poder.
C.S – Para que Sergipe retome a rota do crescimento, quais as medidas que o senhor pretende executar?
M.A – O agronegócio vai ser a grande mola de crescimento de Sergipe. Enquanto em todo Brasil o agronegócio cresceu, Sergipe teve uma queda de 9%. Nós temos propostas para todas as regiões de Sergipe. Em Aquidabã, por exemplo, uma região produtora de abacaxi, só ocorre a produção da fruta. Mas, na hora de fazer o beneficiamento do produto, temos que ir para uma indústria fora do estado. O dinheiro, a economia, a geração e empregos estão na indústria de beneficiamento. Nós vamos atrair essas indústrias para Sergipe.
C.S- Quais serão as ações que trarão para Sergipe indústrias de beneficiamento?
M.A – Através de uma Emdagro proativa. A Emdagro está sucateada. Não pega na mão do produtor, não demonstra o que tem que fazer. Limita-se a pagar a folha de pessoal e custeio. Não tem uma verba de investimento em pesquisa, em desenvolvimento de novas tecnologias, absolutamente nada. Está sucateada. Então vamos junto com a Emdagro, em convênio com o Banco do Nordeste e com a Universidade Federal de Sergipe e outras universidades que queiram se somar, pegar na mão do produtor, do agricultor familiar.
Vamos desenvolver e demonstrar, por região, que tipo de produção poder ser desenvolvida ali. Para isso alcançaremos todas as etapas: Antes das porteiras – produtor rural (investimento em sementes, fertilizantes, tratores); pós-porteiras (incentivo ao beneficiamento da indústria) e, por último, investimentos na logística e transporte. Nós vamos fomentar essas etapas, de forma que a Emdagro junto com esses órgãos conveniados facilitem, desburocratizem e dê acesso a informação para os pequenos produtores, já que o grande produtor tem esse acesso e não precisa do poder público. O que precisamos desenvolver são os outros 147 mil produtores familiares que vivem do campo de Sergipe.
Também pretendemos potencializar o Porto de Sergipe, que hoje está meramente como figurante, para que a gente possa exportar nosso produto aqui produzido.
Por Aline Bittencourt/CS