O secretário nacional de Finanças do PT, Márcio Macêdo, voltou a afirmar, nesta sexta-feira (17), que todos os seus esforços estão voltados para a construção da unidade do partido com vistas ao processo de eleição interna e pelo fortalecimento da sigla para o pleito de 2018. Em entrevista à rádio Fan FM, ele confirmou que tem sido cogitado para ser candidato a presidente nacional do PT, mas defendeu que o ex-presidente Lula seja o nome escolhido. Márcio se declarou ainda contrário à privatização da Companhia de Saneamento de Sergipe (Deso) e criticou as medidas tomadas pelo governo de Michel Temer.
“Este é o momento de construir a unidade do partido. O melhor dos cenários é todos se unirem para preparar o partido para 2018. Defendo isso. Se Rogério Carvalho quiser continuar presidente, não tenho problema com isso, não tenho nada pessoal contra ele. Fizemos embates políticos, temos divergências, mas é preciso maturidade para entender que o PT é maior do que todos nós. Não tenho menor problema de apoiar Rogério dentro de uma unidade que possa incluir todas as forças do partido. Tenho conversado com ele, não tem clima de briga”, afirmou.
Sobre a possibilidade de disputar a presidência nacional do partido, Márcio relatou que seu nome vem sendo lembrado dentro da corrente majoritária da sigla, a “Construindo Um Novo Brasil”. Mas segundo ele, o nome que seria capaz de construir o consenso é o do ex-presidente Lula. “Lula sendo presidente do PT unifica o partido e abre caminho para uma chapa única no Congresso interno, mas esta é uma decisão que cabe a ele. Se ele não for, meu nome tem sido ventilado na maioria do partido. O meu, o de Humberto Costa, o de Jaques Wagner. Temos que sentar para discutir na hora certa”, ressaltou.
Ainda falando sobre Lula, o dirigente petista comemorou os resultados da pesquisa CNT, divulgados nesta semana, que colocam o ex-presidente com liderança folgada em todos os cenários para a eleição presidencial de 2018. “Lula só não é candidato se acontecer o absurdo de tentarem interditar a candidatura ou mudar a Constituição para que ele não possa mais ser candidato, porque já foi presidente duas vezes. A pesquisa CNT mostra Lula na liderança no primeiro e no segundo turno. Isso revela que o povo está com saudade dele, de um governo que atinja a todos. Esta crise econômica de agora, Lula já viveu e já resolveu, por isso querem tirá-lo da disputa, com medo de ele vencer a eleição”, avaliou.
Deso
Ainda na entrevista ao radialista George Magalhães, Márcio Macêdo chamou a atenção para o comentário feito pelo senador Valadares, que também participou do programa e criticou a possibilidade de privatização da Deso. “Valadares se esqueceu de dizer que a possibilidade de privatização da Deso é uma imposição do pacote que o governo Temer, que o senador apóia, está impondo aos Estados para a liberação de recursos”, disse.
O petista se colocou contrário à venda da companhia, mas defendeu uma reestruturação da empresa. “Sou do PT e, por princípio, tenho posição contrária à privatização de empresas públicas, sobretudo as que são setores estratégicos. Água e saneamento são setores estratégicos e devem ficar sob o controle do Estado, embora isso não queira dizer que a Deso não seja submetida a um processo de reestruturação, que modernize a empresa, que reduza as perdas de água. É importante seja feito um debate sobre o modelo de gestão da empresa, que se corrijam os erros de regimes de trabalho e os salários incompatíveis. Acho que governo e sociedade devem fazer um esforço para manter a Deso como empresa pública”, argumentou.
Neste sentido, o secretário do PT criticou outras medidas do governo Temer. “É um governo com 62% de rejeição e menos de 10% de aprovação. É um governo que está levando o país à bancarrota; já são 15 milhões de desempregados formais, mais de 100 mil lojas fechadas; o Banco do Brasil deixou de ser o maior banco do país; o país está voltando ao mapa da fome. As reformas trabalhista e previdenciária arrebentam com os brasileiros e a PEC dos Gastos Públicos prejudicou os investimentos em Saúde e em Educação. A sociedade precisa reagir. Sinto falta do bater das panelas contra o que tem ocorrido no país no governo Temer”, disse.
Líder do governo
Questionado sobre a permanência do deputado federal André Moura na liderança do governo federal na Câmara, Márcio afirmou que tal fato “comprova que o ex-deputado federal Eduardo Cunha, mesmo da cadeia, tem muita força no governo Temer”. “Todo país sabe da relação política entre eles. Aqui não é ofensa pessoal, mas sim um diagnóstico da realidade. É lamentável que Cunha continue tendo força para manter ministro e líder do governo Temer”, criticou.
“Deixem Edvaldo trabalhar”
O ex-deputado também respondeu a pergunta sobre o projeto da gestão de Edvaldo Nogueira que estabeleceu uma linha de crédito especial para que o servidor realize um empréstimo como forma de quitação do salário de dezembro, deixado pendente pelo ex-prefeito João Alves Filho. Ele disse que, embora não seja ideal, esta foi a forma encontrada pelo prefeito para pagar o funcionalismo.
“Vejam que mal faz uma administração desastrosa, como foi a de João Alves, para uma cidade. Além de destruir equipamentos urbanos, deixar a cidade suja, João ainda atrasou salários. Foi uma herança maldita. Claro que o governo é impessoal e é lógico que Edvaldo sabe que tem que administrar este pepino, mas ele tem apenas 45 dias no governo, então é importante deixar o cara trabalhar. Ele não atrasou os salários que são de responsabilidade direta dele. Ele encontrou uma alternativa para resolver a tragédia que João deixou, em curto prazo. Portanto eu quero desejar a Edvaldo força neste momento para cumprir o seu papel de resgatar a qualidade de vida em Aracaju”, afirmou.
Por Valter Lima