A Comissão de Educação aprovou o relatório do senador Laércio Oliveira, ao projeto do senador Rogério Carvalho, que reconhece o grupo Parafusos, de Lagarto, como manifestação da cultura nacional.
O Parafusos de Lagarto é uma manifestação de dança que remonta ao século XIX, única do gênero no Brasil, com raízes profundas na resistência de negros escravizados. É uma das tradições mais emblemáticas do Brasil, reconhecida como patrimônio histórico, cultural e imaterial de Sergipe. Sua preservação e promoção são de grande importância para a manutenção da identidade cultural sergipana e brasileira.
“Me sinto muito orgulhoso, como relator dessa proposta, de poder ser o primeiro voto que coloca esse patrimônio sergipano, único no nosso país, junto a tantos símbolos culturais afro-brasileiros de importância nacional. Sergipe não apenas enriquece a história brasileira, também mantém viva a memória de um povo. Agora, todo o Brasil pode cantar “Quem quiser ver o bonito, saia fora e venha ver. Venha ver os parafusos a torcer e distorcer”, cantarolou o senador.
Essa é a letra da canção que estabelece uma conexão alegre e viva com a história e as tradições afro-brasileiras, que marcam o ritmo dos tambores dos Parafusos de Lagarto. A história do Grupo Parafusos tem origem no período de escravidão, com as fugas dos negros escravizados que recorriam a abrigos mais seguros (quilombos).
A história conta que os escravos que fugiam dos engenhos pegavam dos varais as anáguas das moças, deixadas para secar, e vestiam o corpo até o pescoço. E mais, para completar a vestimenta, eles ainda pintavam o rosto com um barro branco, finalizando o traje com um chapéu em forma de cone. Assim está formada a o vestuário branco que hoje alegra os festejos. Esse grupo folclórico, genuinamente sergipano, passa a ser um importante veículo de memória e resistência cultural para todo o Brasil.
Ao fim da escravidão, o que era um disfarce virou uma tradição e folclore. Segundo conta a história, o grupo folclórico foi criado pelo Padre José Saraiva Salomão, no fim do século XIX, que lhe batizou de Parafusos. Um nome que representa os giros de parafusos semelhantes aos movimentos da dança.
Seu reconhecimento oficial como manifestação da cultura nacional vai tornar ainda forte o senso de pertencimento, de união, especialmente entre os mais jovens, além de promover a educação e a valorização das culturas afro-brasileiras por todo o País.
Texto e foto Carla Passos