Em entrevista exclusiva à CNN nesta quinta-feira (16), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que o governo pretende reavaliar a autonomia do Banco Central ao final do mandato do atual presidente da entidade, Roberto Campos Neto.
“O que eu quero saber é o resultado (de um BC autônomo). O resultado vai ser melhor? Um Banco Central autônomo vai ser melhor? Vai melhorar a economia? Se não melhorar, nós temos que mudar”, disse.
“Vamos ver a utilidade que a independência do Banco Central teve para este país. Se trouxe para o país uma coisa extraordinariamente positiva, não tem problema nenhum ele ser independente”, afirmou o presidente.
Lula, entretanto, destacou que o BC “não é independente, é autônomo”, ressaltando que a entidade tem compromissos com a sociedade brasileira, com o Congresso Nacional e com ele, presidente da República.
Lula disse ainda que não cabe a ele “ficar brigando” com Campos Neto, mas que, se necessário, irá conversar com ele. O petista disse que seu ministro da Fazenda, Fernando Haddad, tem um papel mais fundamental nesta abordagem direta com Campos Neto.
“Eu acho que Haddad tem toda a disposição para conversar com o presidente do BC. Já conversou várias vezes e vai continuar conversando. Se for necessário o presidente da República conversar com o presidente do BC, se for do interesse do Brasil, eu também não tenho problema nenhum em conversar com quem quer que seja”, afirmou.
Ao falar sobre os juros em patamares elevados, Lula novamente mostrou anseio por uma queda da Selic, e citou o mercado em relação ao atual nível da taxa básica.
“Eu fico me perguntando qual é o empresário que vai investir (no país) tendo que tomar dinheiro a 13,75% de juros. Não vai. É maior do que a taxa de retorno que ele pode querer ganhar”, avaliou.
“Então, se tem uma lei que diz que o presidente do Banco Central precisa cumprir essas funções (meta da inflação), ele precisa cumprir. Quando o presidente da República era responsável pelo BC, porque ele indicava, nós conversávamos. Quando se tinha que aumentar, aumentava, sem problema nenhum. Mas você precisava cuidar do outro lado”, completou o presidente.
Salário mínimo de R$ 1.320 e isenção de IR a R$ 2.640
Em entrevista à CNN nesta quinta-feira (16), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) confirmou que irá reajustar o salário mínimo dos atuais R$ 1.302 para R$ 1.320, a partir de maio. O anúncio deverá ser feito no dia 1º do mês, quando é comemorado o Dia do Trabalho.
Segundo o presidente, em maio, além do reajuste, será retomada a política do piso usada em governos petistas, que leva em conta o reajuste da inflação, mais o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) do país.
“Já combinamos com movimentos sindicais, com Ministério do Trabalho, com o ministro Haddad, que vamos, em maio, reajustar para R$ 1.320 o valor do salário mínimo, e estabelecer nova regra para o piso, levando em conta, além da reposição da inflação, o crescimento do PIB, porque é a forma mais justa de distribuir o crescimento da economia”, disse à âncora da CNN Daniela Lima, no Palácio do Planalto.
O presidente confirmou também que irá elevar a faixa de isenção do Imposto de Renda para dois salários mínimos, equivalente a R$ 2.640. Hoje, a faixa de isenção do IR considera remuneração de até R$ 1.903,98 mensais.
“Vamos começar a isentar em R$ 2.640 até chegar em R$ 5 mil de isenção. Tem que chegar, porque foi compromisso meu e vou fazer”, disse.
Fonte: CNN Brasil