Equipe técnica realizou processo de inseminação em tempo fixo em ovinos e caprinos dos produtores agrofamiliares cadastrados
Com o Programa Mais Genética no Sertão, o Governo de Sergipe continua a expandir as ações em benefício da pecuária em diversas regiões do estado. Lançado em julho deste ano, com o objetivo de melhorar a qualidade genética dos rebanhos de caprinos e ovinos, além de aumentar a produção, a iniciativa chegou aos municípios de Nossa Senhora da Glória e Poço Verde, nos dias 1º e 2 de setembro, respectivamente. Na oportunidade, a equipe técnica deu continuidade ao processo de inseminação em tempo fixo (IATF) dos animais dos produtores agrofamiliares cadastrados no programa.
A iniciativa é uma parceria entre a Secretaria de Estado da Agricultura, Desenvolvimento Agrário e da Pesca (Seagri), a Empresa de Desenvolvimento Agropecuário de Sergipe (Emdagro) e a Confederação Nacional de Agricultores Familiares e Empreendedores Familiares Rurais (Conafer).
Com a meta de atingir 1.200 prenhezes por município ao longo de quatro anos, o programa visa não apenas a ampliação do rebanho, mas também ao aprimoramento da qualidade dos caprinos e ovinos, refletindo diretamente na rentabilidade dos pequenos produtores rurais. A tecnologia utilizada, que envolve várias fases de aplicação hormonal e diagnóstico gestacional, é oferecida gratuitamente aos produtores, proporcionando um serviço que seria inacessível para muitos deles devido ao alto custo.
A Emdagro, empresa de assistência técnica executora do programa, estima que existe em Sergipe um rebanho de 56 mil caprinos e 493 mil ovinos concentrados no semiárido sergipano. A empresa destaca que o Mais Genética no Sertão vai qualificar o rebanho desses animais, ampliando em quantidade e qualidade, como vem acontecendo com os bovinos.
A técnica da Coordenadoria de Pecuária da Emdagro, a veterinária Catarina Belarmino, comentou sobre a importância da iniciativa. “Esse programa é fundamental para melhorar o rebanho dos pequenos produtores. Estamos utilizando reprodutores testados, o que significa que os filhos desses animais terão uma maior produção de leite ou carne, dependendo do tipo de rebanho. Isso melhora não só a qualidade genética, mas também a lucratividade das propriedades,” explicou.
Por meio do programa, até o momento, foram inseminados 53 caprinos em Porto da Folha. Em Nossa Senhora da Glória, foram 7 caprinos e em Poço Verde, 30 ovelhas. A inseminação faz parte de uma série de etapas fundamentais para garantir o sucesso do programa.
Assistência técnica
Neste mês de setembro, Poço Verde foi o primeiro município a iniciar a inseminação de ovelhas, na segunda-feira, 2. No município, foram selecionados sete produtores, com um total de 30 cabeças de animais para o processo de inseminação artificial.
O técnico da Emdagro de Poço Verde, Luiz Alberto Souza, destacou que o programa é totalmente gratuito para os agricultores familiares. “É impossível para um agricultor familiar adquirir um reprodutor de alto valor, que hoje pode custar em torno de 20 mil reais. A inseminação é feita sem nenhum custo para o produtor, que só precisa entrar com a vontade de participar e com os animais”, completou.
Milton Pereira dos Santos é um dos produtores locais. Com uma pequena propriedade onde cria caprinos e vacas leiteiras, ele destacou a importância do apoio governamental para pequenos agricultores. Ele é dono de uma pequena propriedade no Assentamento Francisco José dos Santos. Ao todo, o produtor cria 28 ovelhas, das quais cinco foram inseminadas. “Só tenho que agradecer a Deus por tudo. A gente tem umas vaquinhas de leite, que já foi feita a inseminação pelo nosso governo”, relatou Milton, mencionando a inseminação tanto em vacas quanto em ovelhas. Ele enfatizou que, sem essa ajuda, seria muito difícil custear os procedimentos por conta própria, considerando especialmente os desafios que os pequenos agricultores enfrentam diariamente.
Maria Ribeiro do Santos, outra produtora da localidade, também se beneficia do programa. Com um lote de 50 tarefas, onde cria 35 ovelhas e 8 bezerras. Maria relatou que a previsão é que cinco de suas ovelhas sejam inseminadas. “É uma oportunidade, porque os filhotes serão de qualidade. Se não fosse pelo apoio do governo, não teríamos essa chance. Como pequenos produtores, não podemos arcar com esse custo elevado”, afirmou Maria, destacando como a iniciativa facilita o acesso a tecnologias que, de outra forma, estariam fora de alcance para produtores menores.
Fases de implantação
A atuação do Mais Genética no Sertão envolve, no mínimo, quatro visitas aos produtores: a primeira para diagnóstico do animal, a segunda para aplicação de hormônio e a terceira para implante do sêmen. A quarta visita para verificar se aconteceu a prenhez. A inseminação por meio do IATF, oferecido gratuitamente para os produtores, é executada pelo veterinário contratado pela Conafer, parceira do Governo Estadual na implementação desse projeto.
O médico veterinário Esdras Medeiros, técnico da Conafer, é um dos responsáveis por conduzir o processo de inseminação em Poço Verde. Ele explicou que o procedimento é minuciosamente planejado, começando com a seleção dos animais e diagnósticos de gestação, para garantir que apenas fêmeas aptas sejam inseminadas. “Nós estivemos aqui dez dias antes, fizemos a seleção dos animais, observando escore corporal e sanidade. Hoje, nós já estamos finalizando o processo, que é só a inseminação em si em carneiros Santa Inês em Poço Verde. Utilizamos a técnica de inseminação transervical com tração cervical, uma opção mais aplicável no dia a dia dos pequenos produtores”, detalhou.
Como participar
Para participar do programa os produtores devem atender alguns requisitos na propriedade. De acordo com a coordenadora de pecuária da Emdagro, Izildinha Dantas, os requisitos mínimos são a estrada de acesso para veículos, instalações em condições de uso, local para contenção adequada dos animais e pastos que supram a necessidade nutricional deles, além de planejamento para a época de seca, serão alguns itens exigidos. Também no local deve haver cochos em quantidade e tamanho adequado para mineralização. Após o cadastro, o produtor deverá aguardar o agendamento da visita do veterinário para iniciar o protocolo de inseminação artificial.
O produtor também precisa comprovar que o rebanho está em dia com os órgãos de defesa sanitária estadual e municipal, que está vermifugado e vacinado contra clostridiose, e apresentar os animais identificados com colar ou brinco. Também é imprescindível, no dia do início do protocolo, que os animais apresentem o Escore de Condição Corporal (ECC) mínimo de 2,5, numa escala de 1 a 5.
Se atender a esses requisitos, o produtor deve procurar as unidades da Emdagro para manifestar interesse, preencher cadastros e juntar os documentos necessários. Os interessados podem entrar em contato com a Emdagro pelo telefone (79) 99849-6742, pelo e-mail coopec@emdagro.se.gov.br ou no escritório da Emdagro mais próximo.
Foto: Igor Matias