Além dos espetáculos, o final de semana também foi de aprendizagem para a cena artística em Sergipe
Um final de semana dedicado às artes. Assim foi o último sábado e domingo para muitas pessoas que acompanham o IV Festival Sergipano de Artes Cênicas, evento promovido pelo Governo do Estado, através da Secretaria da Cultura. No Teatro Tobias Barreto, o espetáculo “O Conselho”, produzido pelo Grupo de Teatro A Tua Lona, se apresentou em duas sessões, oferecendo ao público uma trama instigante que passeia entre questões existenciais e o instinto de sobrevivência humana.
“Acredito que seja muito importante à realização do Festival de Artes Cênicas, principalmente nesse momento político do país, para podermos reafirmar que é necessário fornecer espetáculos gratuitos à população. Para nós artistas é uma vitrine e um momento de troca com o público, com os outros grupos, e de perceber a potência da nossa cena” afirmou o autor e diretor do espetáculo, Euler Lopes.
Em 2016, a peça foi produzida através do Edital de Montagens César Macieira da Secult, e apresentada pela primeira vez. Ela narra a história de quatro personagens que lutam pela sobrevivência dentro de um buraco após uma explosão que destruiu todo o resto do mundo. Nessa convivência forçada, eles têm que suportar a fome até o máximo e quando chegam ao limite reúnem-se em um conselho deliberativo onde decidem quem deve ser sacrificado para alimentar os demais.
“A peça geralmente causa um impacto muito grande, pois a gente chega ao extremo e conduz o público nesse universo, fazendo com que eles se reconhecerem nessas situações limítrofes que a gente é posto diariamente. Acho que o Festival tem essa importância do fomento para os profissionais, ainda mais nessa época de retrocesso tão absurdo em que até a nossa profissão é posta em jogo, e eventos como esse valorizam a produção cênica”, defendeu o ator Cícero Júnior.
Também no sábado, 07, o espetáculo “Mar de fitas Nau de ilusão”, produzido pelo Grupo Imbuaça, foi apresentado na Praça Nossa Senhora do Loreto, no Conjunto Eduardo Gomes, em São Cristóvão. Com texto e direção de Iradilson Bispo, o espetáculo foi criado para celebrar e reafirmar a cultura popular e a arte pública. Nele, mestres, dramaturgos, personagens, diretores, brincantes e tantos outros, comemoram a trajetória de quarenta anos do grupo.
Frequentador do Festival, o professor Flávio Tonetti, conta que já assistiu a três espetáculos nesta edição e tem gostado muito. “Estou surpreso com a programação do Festival que tem trazido peças contemporâneas e que propõe novas formas de fazer teatro, o que é raro em Sergipe e demonstra um amadurecimento das curadorias”, frisou.
Oficinas de capacitação
Além dos espetáculos, o final de semana também foi de aprendizagem para a cena artística em Sergipe. Cerca de 30 atores e bailarinos participaram da oficina “O corpo é a voz”, ministrada por Andrea Mota, da Bahia. A professora tem vasta experiência na área ministrando cursos como esse, que associam sempre o corpo em conjunto com a voz. “Nas artes temos muito isso, de em um momento estudar a voz, em outro, o corpo. Mas tudo está associado. É um conjunto, e para funcionar bem, precisa de total sintonia”, lembrou.
A oficina ofertada por Andrea Mota, propôs uma vivência através do processo de investigação e pesquisa de impulsos corporais, vocais e sensações, para despertar e melhorar o controle desses impulsos que levam a conscientizar a voz como uma prolongação do corpo no espaço. O curso procurou ainda conduzir a descoberta de novas possibilidades vocais, uso da imaginação e uso dos sentimentos despertados como propulsão para criação.
Entre os participantes da oficina, a satisfação com o conteúdo apresentado e com a metodologia da ministrante era unânime. A atriz Kelly Caldas, uma das alunas, opinou que a oficina foi muito importante para os atores e bailarinos. Ela lembrou ainda que todas as atividades de capacitação propostas durante o Festival de Artes Cênicas em 2018 foram muito bem elaborados. “Eu, por exemplo, participei de quatro oficinas e todas elas foram muito interessantes e completas, além de abranger diferentes temas, que de certa forma se completam”, arrematou.
Sobre o Festival
O IV Festival Sergipano de Artes Cênicas é uma realização do Governo de Sergipe através da Secretaria de Estado da Cultura (Secult), que reúne apresentações diversas em quase um mês de atividades. Todas a programação é gratuita, viabilizadas pelo Fundo de Desenvolvimento Cultural e Artístico (Funcart) e aprovado pelo Conselho Estadual de Cultura. A programação completa e mais informações podem ser acompanhadas pelo site www.cultura.se.gov.br e pela página do Facebook: Secult Sergipe.
Agência Sergipe de Noticias