Alunos do 9° ano do Centro de Excelência Augusto César Leite, localizado em Itabaiana, na região do agreste central de Sergipe, estão representando a escola e o estado na Competição Brasileira de Robótica Petrobras – Robótica 2024. O evento, que reúne jovens pesquisadores de todo o Brasil em projetos inovadores de robótica, ocorre entre os dias 12 e 17 de novembro no Centro de Convenções de Goiânia, em Goiás.
A motivação para o projeto surgiu após uma análise feita pelos estudantes dentro da própria escola. Por meio de um questionário aplicado na instituição, os alunos identificaram que os resíduos orgânicos descartados diariamente não estavam sendo tratados de forma sustentável. Como resposta a essa questão, eles desenvolveram uma Composteira Inteligente, uma solução prática para reaproveitamento desses resíduos, transformando-os em composto fertilizante e chorume, utilizado como biofertilizante.
O diferencial do projeto está na tecnologia aplicada à composteira. Por meio de sensores, o dispositivo consegue monitorar níveis de umidade, quantidade de chorume e qualidade do composto, garantindo que os resíduos sejam processados corretamente. “Nós construímos esse experimento da composteira inteligente com o objetivo de melhorar a qualidade da horta da escola e promover um ciclo sustentável”, explica o aluno Guilherme Alcântara. “Esperamos que o projeto possa se expandir e realmente ser utilizado na escola toda”, completa.
A experiência também impactou positivamente o ambiente escolar, ao envolver outros alunos e funcionários da escola. Segundo a diretora e orientadora dos alunos, Ana Carla Andrade, o projeto trouxe uma nova visão sobre o potencial dos resíduos orgânicos. “Eles estão super empolgados em dar continuidade ao projeto. Receberam visitas de alunos ligados ao agronegócio, o que incentivou a expandir a ideia e deixou todos muito felizes”, destacou a diretora.
Além de resolver o problema do desperdício, o projeto ainda atua de forma educativa, ajudando a manter a horta da escola mais saudável e produtiva. Com a ajuda do sensor, os alunos podem monitorar o que é adequado para colocar na composteira, aprendendo também sobre o que pode prejudicar o processo – como alimentos que não são adequados para as minhocas, essenciais no processo de compostagem.
Além do Centro de Excelência Augusto César Leite, o Colégio Estadual Jornalista Paulo Costa também está na Competição Brasileira de Robótica Petrobras – Robótica 2024 com o projeto ‘Sica’. Guiado pelo professor Flávio Gilberto Bento, o aluno Guilherme Vieira Barbosa conquistou a bolsa CNPq Júnior com o projeto inicial na mostra de 2023 e, este ano, o projeto teve uma ampliação da proposta com o desenvolvimento de um protótipo de cadeira de rodas adaptada para pessoas tetraplégicas, que permite maior independência dentro de casa ou espaços internos.
O projeto foi criado com o objetivo de facilitar a comunicação e os movimentos de pessoas que enfrentam desafios de mobilidade, unindo a inovação à responsabilidade social. A cadeira de rodas conta com sensores e comandos adaptados, permitindo que pessoas com tetraplegia consigam realizar deslocamentos. A iniciativa é parte de um esforço contínuo da escola em integrar a robótica e a tecnologia assistiva, reforçado pela sala maker onde o projeto tomou forma.
Levados ao evento com apoio do Programa de Transferência de Recursos Financeiros Diretamente às Escolas Públicas Estaduais – Profin Competição, a diretora e o aluno do Colégio Estadual Jornalista Paulo Costa tiveram a oportunidade de exibir o potencial da pesquisa e compartilhar ideias com outros estudantes e educadores do país.
“Os trabalhos apresentados aqui concorrem a bolsas de iniciação científica júnior. Este ano, tivemos 408 trabalhos inscritos e dois mil alunos participando. Além disso, temos tanto a mostra presencial quanto a virtual, onde os alunos também concorrem às bolsas. Na mostra presencial, estamos com cerca de 200 trabalhos sendo apresentados; na mostra virtual, o mesmo quantitativo. Todos esses trabalhos são publicados nos anais da exposição”, destacou a coordenadora da competição, Cristiane Pelisolli Cabral.
Para o estudante Guilherme Vieira, a experiência de poder apresentar o projeto para todo o Brasil tem sido gratificante. “É algo surpreendente.Nunca imaginei que isso aconteceria um dia, mas a rede pública, junto à Seduc, pôde abrir meus olhos para ver o leque de oportunidades que está sendo oferecido aos alunos. Vejo isso como uma oportunidade e um plantio; estou plantando essa semente no colégio para incentivar tanto as escolas maiores quanto as da zona rural. Quero incentivar todos a melhorarem e criarem seus próprios projetos. A robótica abre novos caminhos. A minha sensação é de muita gratidão e importância. Eu quero mostrar que ainda há vida e possibilidades para as pessoas com deficiência”, afirmou.
Guilherme também explicou sobre o projeto que está sendo apresentado. “O projeto foi criado com o intuito de permitir a comunicação para o tetraplégico, fornecendo quatro opções de voz para que ele consiga transmitir mensagens pré-gravadas usando um sensor infravermelho, acionado pelo piscar dos olhos. Com cada piscar, o sensor infravermelho detecta a parte branca dos olhos e aciona determinadas programações, que são transmitidas por meio de um alto-falante. Além disso, incluímos uma cadeira de rodas motorizada para garantir a mobilidade dentro da residência. A cadeira é controlada pelo movimento do pescoço com o uso de um tipo de óculos: quando o usuário inclina o pescoço para frente, a cadeira avança. Um ponto interessante é que, ao mover o pescoço para a esquerda ou direita, ele pode acender e apagar as lâmpadas da casa”, explicou.
Fotos: Ascom Seduc