O maior evento de intercâmbio estudantil de Sergipe, o Encontro de Jovens Protagonistas das escolas de ensino médio em tempo integral, reuniu na última sexta-feira, 17, centenas de estudantes da rede estadual de ensino. O evento foi realizado no Colégio Estadual Doutor Augusto César Leite, no município de Itabaiana, que a partir de 2022 passará a ofertar essa modalidade de ensino, que será expandida e estará em funcionamento em 72 unidades de ensino, ao todo. Alunos de escolas estaduais e municipais da região foram convidados para conhecer o ensino médio integral, em um momento de diálogo com estudantes egressos da rede que foram compartilhar suas experiências.
Na quadra do Colégio Estadual Doutor Augusto César Leite, os estudantes participaram de rodas de conversa, apresentações das práticas e vivências em protagonismo. Além disso, houve também apresentações de metodologias exitosas nas salas temáticas. A coordenadora do Núcleo de Educação em Tempo Integral da Educação Estadual (Negti), professora Mônica Rodrigues, explicou que o encontro já é uma tradição anual, um momento de promover a integração e de mostrar à comunidade o que eles fazem nas escolas. “Aqui os jovens vão trocar experiências, tudo organizado por eles. A gente só dá a logística para que o evento aconteça. Queremos mostrar que os nossos jovens são capazes, que eles têm um Projeto de Vida que precisa ser cuidado e ter qualidade. Aqui eles têm a possibilidade de compartilhar suas experiências. Os egressos vêm mostrar como o ensino médio integral foi importante na vida deles”, disse.
A diretora Regional de Educação 3 (DRE 3), Daniela Silva Santana, celebrou a expansão da modalidade de ensino e a iniciativa do encontro dos Jovens Protagonistas. “Nesse momento em que estamos implantando o ensino médio em tempo integral em Itabaiana é muito importante a gente poder compartilhar com os estudantes da Diretoria Regional de Educação 3 como essa modalidade de ensino funciona, divulgar e compartilhar as experiências exitosas”, declarou.
Um dos alunos egressos que participaram da roda de conversa com Marley Ferreira, que concluiu os estudos no Centro de Excelência Vitória de Santa Maria, em Aracaju, e hoje já está no ensino superior. Juntamente com outros egressos, ele compartilhou com os estudantes as informações sobre a modalidade de ensino, tiraram dúvidas e estimularam os alunos a se engajarem no ensino integral, que será uma novidade na vida deles a partir do próximo ano. “Muitos não sabem ainda o que é o ensino médio em tempo integral. É importante que eles saibam o que é ser um Jovem Protagonista, o que é o Projeto de Vida, para que quando finalizarem os estudos, estejam preparados para o que eles vão querer ser. Sabemos que sempre haverá dificuldades, mas eles poderão ir em busca das soluções para resolver os problemas, sendo atores e protagonistas da história, dentro e fora da escola”, afirmou.
Socialização de experiências
A programação do encontro contou com momentos de interação social, troca de experiências, rodas de conversas com os egressos da rede estadual que falaram sobre o impacto do ensino integral em suas vidas, com dinâmicas, jogos, perguntas e respostas, entre outras atividades. Além disso, nas salas temáticas, outros alunos fizeram exposição e apresentação de disciplinas eletivas, com atividades lúdicas, além de Projeto de Vida e Protagonismo Juvenil, entre outras peculiaridades dessa modalidade de ensino.
Os alunos que participaram do encontro mostraram-se bastante entusiasmados, até mesmo os que já conhecem esse formato de ensino. Foi o caso de Adolfo de Santana, aluno do 3º ano do Centro de Excelência Doutor Milton Dortas, em Simão Dias. “Eu experimentei o ensino médio integral na prática e vi que nele a voz do aluno é mais importante. Isso foi o que mais me ajudou e quero passar essa experiência para os outros alunos. É um modelo de ensino muito melhor do que eu imaginava, que faz com que o estudante se desenvolva como aluno e como cidadão”, disse.
Um dos momentos emocionantes da roda de conversa foi o depoimento de Jaciara Ádria Nascimento, aluna egressa do Centro de Excelência Professor Paulo Freire e que hoje estuda Direito no ensino superior. Ela contou que perdeu os pais e, ainda durante o ensino médio, também perdeu sua avó, com quem morava, e precisou trabalhar para se sustentar. “Nesse período, os professores e meus colegas me acolheram e não me deixaram desistir dos estudos e do meu Projeto de Vida. A mensagem que deixo é a de que podemos ser o que quisermos, só depende de nós”, declarou.
José Cláudio, aluno do 3º ano no Centro de Excelência- Atheneu Sergipense, em Aracaju, participou de uma exposição em uma das salas temáticas. “Como esse modelo de ensino está gradativamente sendo implantado em algumas escolas, muitas pessoas ainda não conhecem como ele pode auxiliar na educação de cada um. Nesse encontro de hoje poderemos mostrar que o ensino médio em tempo integral é muito mais do que as aulas regulares e monótonas. É algo que faz a gente se conectar mais com as pessoas e absorver bem mais estudos e conteúdos do que o normal”, explicou.
A aluna Bruna Colombo Mendes Cavalcante está no 1º ano no Centro de Excelência Governador Djenal Tavares de Queiroz. Apesar do pouco tempo, ela conta que o ensino médio integral mudou sua vida. “Estou gostando dessa maior parte do tempo que nós passamos na escola, porque a gente aproveita para aprender coisas novas. Essa modalidade de ensino influencia outros jovens a se tornarem autônomos, protagonistas, tomarem a frente e terem liderança.Os alunos mais novos vão gostar”, disse. Opinião semelhante teve a aluna Mirella Fernanda Batista Santos, do 1º ano do Centro de Excelência Professor João Costa. “O ensino é perfeito. Sinto uma grande diferença e estou aprendendo muito a lidar e conviver com muitas pessoas diferentes. Vale muito a pena. As eletivas mudam a pessoa. O Projeto de vida é muito importante para o nosso futuro. Estou gostando bastante”, declarou.
EMTI
O ensino médio em tempo integral oferece uma jornada de aulas com um currículo diferenciado, no qual não existe mais a divisão entre turno da manhã e turno da tarde. O turno é único, e a programação é distribuída ao longo do dia. Os estudantes são incentivados a tomar decisões, descobrir o que querem fazer, planejar o futuro e compartilhar as responsabilidades com os outros colegas. Para além das disciplinas da base curricular – como Língua Portuguesa, Matemática e Química – há aulas de projeto de vida, eletivas, orientação de estudos e práticas laboratoriais.
A rede estadual conta com 15.195 alunos matriculados no ensino médio em tempo integral no ano letivo de 2021, distribuídos em 58 escolas localizadas em todos os territórios sergipanos. Para 2022, a oferta será ampliada para mais 14 unidades, com previsão de alcançar aproximadamente 20 mil estudantes.
As novas escolas de EMTI são: Centro Estadual de Educação Profissional José Figueiredo Barreto (Aracaju); Colégio Estadual Leonardo Gomes (Cristinápolis); Colégio Estadual Dr. Jessé Fontes (Pedrinhas); Colégio Estadual Manuel Bonfim (Arauá); Colégio Estadual Joaldo Vieira Barbosa (Salgado); Colégio Estadual Dr. Augusto César Leite (Itabaiana); Colégio Estadual Emeliano Ribeiro (São Domingos); Colégio Estadual Professora Maria da Conceição Santana (General Maynard); Colégio Estadual Mathias Barroso (Santana do São Francisco); Colégio Estadual Dr. Jessé Trindade (Ilha das Flores); Colégio Estadual Almirante Tamandaré (Nossa Senhora de Lourdes); Colégio Estadual Poeta José Sampaio (Nossa Senhora do Socorro); Colégio Estadual Prof. Gentil Tavares da Mota (Frei Paulo); e o Colégio Estadual Quilombola 27 de Maio (Porto da Folha).
Por Ítalo Marcos