
Sergipe possui um dos maiores percentuais de pessoas com rendimento domiciliar per capta inferior a US$ 5,50 em Paridade de Poder de Compra (PPC). Segundo os dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 42,1% da população sergipana vivia em condição de pobreza em 2017. Maranhão, com 54,1%, e Alagoas, com 48,9%, são estados com maior número de pessoas vivendo com essa renda.
O economista do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), Luis Moura, chama atenção para o número alarmante da pobreza em Sergipe. O Estado está dentro da média do que acontece com o Nordeste, que é a região mais pobre do país, mas os dados podem ser maiores atualmente em virtude da condição do brasileiro que tem enfrentado uma grave crise de desemprego.
“A situação de crise, desemprego elevado, queda da renda e contenção dos programas sociais afetam o combate à pobreza. Portanto, esses números devem ter piorado no Brasil e também em Sergipe nos últimos anos. Não se tem uma ideia de quanto isso, pois o IBGE ainda não divulgou, mas os fatores citados, sem dúvida, vão atingir os mais pobres, sobretudo a região Nordeste”, pontuou.
O economista comenta ainda que não existe fórmula mágica para combater a pobreza, mas é necessário investimento com o dinheiro público e os programas de transferência de renda como o Bolsa Família são imprescindíveis, pois ao menos garante uma renda mínima para essa população. “Mas não basta só isso. Políticas públicas na área da saúde e educação que possibilitem que as pessoas saiam de fato da linha de pobreza são extremamente importantes. O problema todo é que os cortes de verbas nessas áreas têm aumentado”, completou.
O economista reforça que a geração de emprego é outro fator fundamental para a diminuição desse índice, mas como não tem havido oferta de vagas no mercado de trabalho isso acaba contribuindo com o aumento da informalidade e a queda de renda do trabalhador. “Em Sergipe há um fundo de combate à pobreza e esses recursos precisam ser melhor direcionados para essa população mais carente. O Estado deveria informar o que está fazendo com esse recurso, porque ele é importante”, opina.
A diminuição da pobreza sempre vai estar relacionada ao crescimento da economia, logo, não vai haver diminuição da pobreza numa situação de estagnação econômica, evidencia Luis Moura. “O poder público precisa voltar a investir dinheiro na infraestrutura, que gera muito emprego, principalmente para essa população que é marginalizada no mercado de trabalho que é a construção civil. Tivemos até 2014 uma queda no índice de pobreza, mas voltou a aumentar e hoje o indicador é elevado e parcela da população está passando fome e a população que não tem garantida suas três refeições diárias também aumentou”, observou.
Reportagem: Grecy Andrade/Jornal da Cidade