Cercada de muita expectativa, a vinda da presidente afastada Dilma Rousseff (PT) a Sergipe foi verdadeiramente um fracasso do ponto de vista político. Não agregou em nada para a campanha do pré-candidato a prefeito de Aracaju, Edvaldo Nogueira (PCdoB), ante o desgaste da petista. O postulante do PCdoB, diga-se de passagem, visivelmente se esquivou de prestigiar o ato da petista. E ele não foi o único: em uma missão “a trabalho”, o presidente do Diretório Estadual do PT, Rogério Carvalho, também não se fez presente e o governador Jackson Barreto (PMDB), que chegou a propagar ser contra o impeachment, “saiu pela tangente” e viajou para Goiás (GO), onde foi receber uma Comenda.
Dilma Rousseff desembarcou em Aracaju, no meio da tarde, e foi recepcionada no Aeroporto pelo vice-governador Belivaldo Chagas (PSB), pelos deputados federais João Daniel (PT) e Fábio Mitidieri (PSD). O presidente do Diretório Municipal de Aracaju, vereador Emmanuel Nascimento (PT) também a recepcionou ao lado dos deputados estaduais Ana Lúcia (PT) e Francisco Gualberto (PT). Também estavam presentes no aeroporto o presidente do Diretório Estadual do PMDB, João Augusto Gama; a pré-candidata a vice-prefeita Eliane Aquino; o ex-deputado federal Márcio Macedo; e meio timidamente o pré-candidato a prefeito, Edvaldo Nogueira.
Do Aeroporto, a presidente afastada seguiu para o ato público na Praça General Valadão, no Centro da Capital, onde uma multidão constituída em sua maioria pela militância petista, por representantes de movimentos sociais e entidades sindicais e pelo Movimento do Trabalhadores Sem Terra (MST). Muitas ausências de políticos que fizeram história ao lado do PT e de Dilma Rousseff foram sentidas. Para este colunista este é um sinal claro que ninguém, às vésperas de uma eleição, quer se aproximar ao PT ou à petista e ter sua imagem vinculada ao desgaste dos escândalos envolvendo indícios de corrupção.
A ausência dos líderes partidários no ato político também sinaliza que Dilma Rousseff provavelmente sofrerá o impeachment no julgamento do Senado Federal, agora em agosto e deixará a presidência da República em definitivo. E, para muitos petistas e, sobretudo, para a militância do PCdoB que sonhava que a vinda dela arregimentaria a pré-candidatura de Edvaldo Nogueira, a fragilidade do ato não mais do que sinalizou que Dilma vive em descrédito com a população e que não reúne força política para transferir força e votos para o projeto do PCdoB.
Em síntese, quando o governador se esquiva de receber a presidente, mesmo ela afastada do cargo, quando o presidente estadual do partido tem uma atividade mais importante que recepcionar a principal “estrela” da legenda, quando o pré-candidato a prefeito do agrupamento se acanha de posar ao lado da presidente da República, é um indício que as coisas não vão boas para a petista, é verdade, mas é importante frisar que quem os elege não são apenas partidários, candidatos, correligionários e aliados, mas também a militância, que sonha, que acredita, que se expõe e defende. E quando essa mesma militância vê que a recíproca não é verdadeira, muitas vezes ela até desiste de lutar. Tempo de reflexão…
Por Habacuque Villacorte/Portal iSergipe