Depois de um ano e meio estudando em casa durante a suspensão das aulas presenciais ocasionadas pela pandemia do novo coronavírus, alguns estudantes tiveram que se distanciar de um ambiente acolhedor, próspero e afetivo. A escola mudou e agora é o momento de aprender de outro jeito, afinal o conhecimento é fluido. Porém, vivenciar parte do Ensino Médio longe da escola ficou estranho quando o seu reduto é um lugar dinâmico e cheio de descobertas, principalmente para o público que está na transição da adolescência para a juventude.
“Sempre esperei muito pelo Ensino Médio e agora eu quero aproveitar cada momento na escola. Entrei no Ensino Médio, fiz a primeira série completa em sala de aula, veio a pandemia, e eu passei boa parte do Ensino Médio em casa”, desabafou Rita Stefany da Silva Sena, jovem estudante da 3ª série do Ensino Médio em Tempo Integral, do Centro de Excelência Leandro Maciel, localizado no bairro Ponto Novo, em Aracaju.
Neste dia do estudante, Rita Stefany relata um pouco sobre a rotina durante as aulas remotas e o sentimento de aproveitar tudo no retorno das aulas presenciais. Para ela, não foi tarefa fácil fingir não haver ruídos ao redor e dentro de casa e se concentrar apenas em estudar. Mas Rita contou com o apoio da avó, com quem mora, e os horários das aulas eram respeitados porque a avó fazia questão de lembrar a todos que a jovem estava em aula.
Embora as aulas fossem acessadas, as atividades realizadas e as matérias em dia, Rita agora pensa em aproveitar o momento. Segundo ela, perder aula por motivo bobo não está em seus planos, muito menos deixar de participar das atividades escolares presenciais e tocar em frente o projeto de vida que planejou. “A pandemia não alterou em nada os meus planos. Desde o começo quando entrei no ensino integral tenho um projeto de vida e eu pretendo continuar com ele, que é fazer uma faculdade de engenharia”, disse Rita.
Nallanda Victória dos Santos Martins acabou de dar esse passo em busca de uma profissão. Ao concluir o Ensino Médio no Colégio Estadual Dr. Antonio Garcia Filho, situado no município de Umbaúba, no território Sul sergipano, agora ela frequenta remotamente as aulas do curso de Fonoaudiologia na Universidade Federal de Sergipe (UFS).
A trajetória escolar de Nallanda sempre ocupou um lugar de destaque. Ela conta que estudou em escola pública desde o pré-escolar, e de lá para cá coleciona cerca de cinco premiações em projetos de iniciação científica e já recebeu menção honrosa no 2º Prêmio ‘Carolina Bori Ciência & Mulher’, cuja edição ocorreu este ano e contemplou a categoria Meninas na Ciência. Dentre as premiações de iniciação científica, Nallanda foi premiada também na Feira Científica de Sergipe (Cienart), com o projeto “Casa de farinha: da mandioca ao bioplástico”.
“Sempre estudei em escola pública, do pré-escolar até o final do Ensino Médio, e conheci a iniciação científica no colégio. Quando eu via a movimentação dos alunos, sabia que se tratava de alguns projetos e eu ficava muito interessada em saber sobre o que era, até que surgiu a oportunidade de um dos alunos me convidar”, relatou Nallanda sobre o momento que passou a integrar grupos de pesquisa científica no Ensino Médio.
Entre o Ensino Médio e o Ensino Superior, as estudantes Rita Stefany e Nallanda Victória carregam algo em comum: transformar a si mesmas para transformar também a realidade em que vivem, tanto nos ambientes que frequentam quanto na própria vida, tornando-se cidadãs autônomas, solidárias e protagonistas.
Por Francimare Araújo