
A Companhia de Saneamento de Sergipe (Deso) informou que não descarta, mesmo sendo remota, a possibilidade de as manchas de óleo – oriundas do derramamento de petróleo cru que vem afetando a costa do Nordeste brasileiro desde o início do mês de setembro – chegarem nas áreas de captação de água da Companhia no rio São Francisco, tendo em vista que já há registro da presença da substância na foz do Velho Chico, entre Alagoas e Sergipe.
A preocupação se faz necessária porque o São Francisco, com mais de 500 anos de existência e que atualmente ‘agoniza’ em virtude de problemas de degradação e poluição, frutos da ação humana, é responsável por 99, 8% do potencial hídrico no estado de Sergipe.
“A pedido do Ministério Público, estamos traçando medidas e alternativas caso esse material chegue às captações da Deso no Velho Chico. Não há previsão. O óleo chegou à foz e nós não temos captação na foz, o ponto mais próximo fica em Brejo Grande, a cerca de 10 km da foz. Não estamos descartando a chegada desse material, mas o que está se fazendo é o monitoramento. Técnicos fazendo a coleta da água para ver se tem possibilidade de contaminação. Neste momento, não há preocupação. A pedido dos membros dos Ministérios Públicos, tomamos medidas alternativas para isolar as captações com barreiras físicas, caso a mancha se aproxime”, explica Carlos Anderson Silveira Pedreira, diretor de Operação e Manutenção da Deso, durante entrevista à TV Sergipe.
Carlos Anderson diz ainda que a Deso tem infraestrutura suficiente para fazer essa contenção. “Esse isolamento físico não tem segredo. É um cerca com tela. Independente de o óleo subir o rio ou não, vamos cercar as duas captações mais próximas, em Brejo Grande e Ilha das Flores. Cercado essas duas, muito dificilmente ela chega a Neópolis, por exemplo”, tranquiliza.
Reunião no MPF
Na manhã desta quinta-feira (10), órgãos de fiscalização e Governo do Estado foram convidados a participar de uma reunião convocada pelo Ministério Público Federal, visando o acompanhamento das medidas técnicas que estão sendo adotadas para mitigação de danos e investigação do derramamento de óleo que atingiu a costa do estado.
O MPF fez uma série de questionamentos aos órgãos sobre a extensão dos danos no Estado. O documento pergunta especificamente sobre as medidas adotadas e planejadas para a contenção da mancha de óleo para proteção de rios, mangues e unidades de conservação. Os órgãos também foram inquiridos sobre as investigações em torno da fonte causadora do derramamento de óleo.
Além da Deso, estiveram presentes representantes do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), da Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf), da Administração Estadual do Meio Ambiente (Adema) e da Petrobras.
Fonte: AJN1