Estima-se que no Brasil mais de 33 milhões de pessoas tenham pelo menos algum equipamento com apólice de Seguro de Garantia Estendida, um aumento de 3,6% em 2016 segundo a Confederação Nacional das Empresas de Seguros Gerais, Previdência Privada e Vida, Saúde Suplementar e Capitalização (CNseg). Apesar de trazer algumas vantagens para o consumidor, ele não é obrigado a levar o serviço na compra do equipamento, garante o Sindicato dos Corretores de Seguros do Estado de Sergipe (Sincor-SE).
No Brasil, a fiscalização deste tipo de seguro é feita pela Superintendência de Seguros Privados (SUSEP), uma autarquia da Administração Pública Indireta Federal brasileira, onde reclamações e denúncias podem ser feita também pela internet. “O cliente não é obrigado a sair da loja com este tipo de seguro. Caso compre a apólice e se arrependa, tem sete dias para desistir e ter o valor do seguro devolvido na íntegra”. explica o presidente do Sincor-SE, Érico Melo.
O tecnólogo em Gestão de TI, Andrei Fonseca, é dos que não gosta quando os vendedores forçam a compra casada, que também é proibida pelo Código de Defesa do Consumidor (CDC). “Quando oferecem, mas não insistem quando recusamos, não vejo problema. Agora, a partir do momento que querem empurrar a todo custo a garantia, principalmente em produtos que não valem à pena o investimento, isso chateia”, observa.
Para ele, é preciso ter muita cautela na hora de adquirir o seguro. “Já tive garantia estendida em uma máquina de lavar e valeu a pena, mas hoje não tenho mais. Antes de decidir pela contratação observo o custo-benefício”, explica Andrei.
O microempresário Roberto Lima Filho também é um desses. Há menos de um mês fechou negócio com uma loja do centro de Aracaju e gastou R$ 1.400 por uma máquina de lavar roupas de 11kg, mais R$ 200 da garantia estendida. “No primeiro momento achamos uma despesa gastar com a garantia, mas só sabemos o quanto ela é legal quando necessitamos do serviço e não pagamos nada a mais”, justificou.
A comprar foi resultado de uma experiência mal sucedida com a primeira máquina de lavar da família. Foi só a garantia de fábrica vencer para a máquina de 10kg quebrar pela segunda vez. “Chamamos um técnico para consertar o equipamento, o qual nos apresentou um orçamento no valor de R$ 250 reais. Era mais do que a prestação de um nova. Achamos muito caro e desistimos, pois quando compramos a máquina há poucos mais de um ano custou R$ 1.100″, disse.
Quando a dona de casa Marinalva Morais adquiriu o refrigerador há cerca de três anos, também contratou o serviço por mais um ano. Naquele momento não imaginava estar fazendo um investimento. Pouco mais de um ano depois, precisou usar a garantia, porque o refrigerador de quase R$ 4 mil parou de gelar.
“A autorizada tentou consertou umas três vezes, mas como continuava com o problema, a moça da garantia estendida me disse, por telefone, que poderia insistir nos consertos ou optar por um crédito no mesmo valor da compra da geladeira. Fiquei com a segunda opção e no mesmo instante fui na loja, passei o número do protocolo feito na empresa e saí de lá com uma geladeira novinha, sem pagar mais nada”, contou a dona de casa.
Além de assegurar o produto no ato da compra, é possível procurar uma corretora em outro momento. “Existe a possibilidade da contratação do seguro garantia estendida através do corretor de seguros, mesmo que em momento diferente a aquisição do bem. Em alguns casos a aceitação pode está condicionada a realização de vistoria”, alerta.
A reportagem do G1 procurou o analista financeiro Rubens Dias para saber até que ponto vale a pena adquirir uma apólice de Garantia Estendida. “Antigamente nossos pais compravam uma geladeira que durava 20, 30 anos. Hoje, são fabricadas com peças de plástico e naturalmente acarretam uma redução no tempo de vida útil. A depender da proposta que o lojista fizer, pode sim haver uma vantagem, mas precisamos pensar direito e não sair fazendo a garantia estendida de tudo que a gente compra”, alerta.
Ele lembra ainda que é preciso muita atenção para os valores que serão pagos, pois o barato pode onerar mais o orçamento familiar. “Vamos supor que o equipamento custe R$ 1.000 e a garantia é uma parcela de R$ 30 ao mês. Se o equipamento você dividir em 10 meses, vai ficar por R$ 300, ou seja, 30% do equipamento. Então, o próprio cliente deve tomar cuidado pra ver se vale a pena ou não”, alerta.
Outra dica é não cair na conversa do vendedor e sempre desconfiar das propostas e benefícios apresentados. “Também procure marcas confiáveis, que geralmente oferecem uma garantia mais longa, o que nem sempre vai ser necessário adquirir uma apólice. Agora, se a marca é desconhecida é algo a se pensar e optar pelo garantia”, orienta Dias.
Por Anderson Barbosa/G1 SE