A garantia da inclusão é uma diretriz da rede municipal de ensino de Aracaju. Nesse sentido, para além da estrutura disponibilizada nas escolas, com as salas de recursos multifuncionais (SRM), a Prefeitura de Aracaju, por intermédio da Secretaria Municipal da Educação (Semed), oferece um atendimento especializado a pessoas com deficiência visual na Coordenadoria de Apoio Educacional às Pessoas com Deficiência (COEPD/CAP).
A unidade está localizada no bairro São José e atende, atualmente, mais de 100 pessoas, entre alunos da rede pública e demais pessoas da capital e do estado que buscam pelo serviço, que é porta aberta e referência em Sergipe no que diz respeito ao ensino para pessoas com deficiência visual.
Presente semanalmente no CAP desde o seu primeiro ano de vida, Guilherme Santos, que possui deficiência intelectual e visual, tem hoje 10 anos de idade e foi encaminhado à unidade pelo seu oftalmologista. No local, tem desenvolvido habilidades essenciais como a identificação de texturas, pontos de braille, sentidos e movimentos, aprendizado essencial para o garoto que começa a entrar na adolescência, como destaca a mãe, Daniele dos Santos.
“Aqui na CAP eu não tenho do que reclamar, pois as professoras são ótimas desde o primeiro momento que ele entrou aqui. Esse é o horário que ele estuda de verdade, porque é uma hora exclusiva pra ele, com foco total nele. São nove anos de atendimento e nos primeiros momentos ele identificava instrumentos musicais, sons, movimento, lado esquerdo e direito e hoje em dia ele está conhecendo mais sobre textura e os pontos para saber o que é braile quando chegar na idade certa. Como ele tem também deficiência intelectual, diminui um pouco mais os recursos das professoras, mas elas fazem aquilo que podem e os resultados são bons”, afirma.
Para a coordenadora de Apoio Educacional às Pessoas com Deficiência da Semed, Joana D’arc Meireles, além de contar com estrutura e equipamentos essenciais para o desenvolvimento e aprendizado dos alunos no local, o serviço disponibiliza profissionais capacitados para atuar em prol dessas pessoas.
“A gente oferta esses atendimentos para as pessoas da melhor forma, pois aqui tem o que há de melhor, digo isso sem dúvida, porque temos aqui o necessário para que qualquer trabalho seja bem desenvolvido, principalmente para pessoas com deficiência, que é a qualificação profissional e a vontade de fazer. Nossos professores criam estratégias exclusivas que garantem facilidade no aprendizado dos nossos alunos. Na CAP, vejo meus alunos se transformarem através da educação voltada para deficientes visuais”, destaca.
Além de frequentar semanalmente a CAP, Guilherme marca presença diariamente na Escola Municipal de Ensino Fundamental Professora Rachel Cortês Rollemberg, localizada no bairro José Conrado de Araújo, onde aprende junto aos seus colegas de classe tudo aquilo que é comum para as crianças da sua idade. Acompanhado por um cuidador, ele é incluído na convivência escolar e recebe atividades com foco nas suas limitações.
“A gente procura fazer com que o aluno participe das aulas da forma como ele consegue. No caso de Guilherme, ele tem algumas limitações e é sensível ao barulho, mas o que ele consegue a gente traz pra vivência da sala e os alunos veem isso muito bem. Tem quem pense que criança é preconceituosa, mas não. Todos os alunos interagem com todos que têm necessidades especiais ou não e para eles isso é super normal. Eles brincam, interagem, conversam, tudo de forma muito inclusiva. Quem lida com criança sabe que dificuldade de compreensão e preconceito é, na verdade, coisa de adulto, não é natural deles. Eles vão vendo os limites, do quanto podem se aproximar do colega e sabem que o aluno está na sala de aula para aprender e socializar como todos eles”, destaca a professora de Guilherme, Ana Paula Cruz.
O diretor da Emef, George Muniz Barreto, ressalta a importância dessa inclusão social no ambiente escolar e pontua como a unidade de ensino se capacita para receber esses alunos, trabalhando em prol do aprendizado de todos de maneira igualitária.
“Por aqui, temos uma sala de recursos multifuncionais, acompanhada por duas professoras, uma a partir das 8h da manhã e outra a partir das 13h. Além desse acompanhamento com professores, temos também cuidadores. Guilherme, por exemplo, frequenta a sala de aula regularmente e o cuidador faz o serviço de translado para levá-lo ao banheiro, para tomar água e outros cuidados necessários para se manter junto a ele. Temos alunos diagnosticados com autismo, síndrome de Down, TDAH [transtorno do déficit de atenção com hiperatividade] e o acompanhamento com eles é diferenciado”, detalha o gestor escolar.
Foto: Marcelle Cristinne/Secom