O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) está programando uma série de eventos pelo Brasil nos próximos meses. O primeiro ato será realizado no dia 16 de março, na Praia de Copacabana, no Rio de Janeiro. O ex-mandatário também estará presente em um ato na Avenida Paulista, em São Paulo, no dia 6 de abril. Após esses eventos iniciais, Bolsonaro e seus aliados planejam uma espécie de caravana por diversas regiões do Brasil. Depois dos atos no Sudeste, a mobilização de Bolsonaro e seus aliados irá ocorrer em estados do Nordeste.
Os temas centrais dos atos serão a mobilização pela aprovação do projeto de lei da anistia para os presos pelos atos de 8 de janeiro e também o reforço às críticas ao governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Além disso, a ideia de Bolsonaro e de seus aliados é continuar a mobilizar seus apoiadores até as eleições de 2026, quando a direita tem o objetivo de aumentar a participação no Congresso e nos governos dos estados.
“Queremos rodar o Brasil mostrando a importância da anistia, nossa pauta prioritária, além do ‘Fora Lula’, que todo mundo tem que ter. Esse governo acabou! Não é ‘se não pararmos Lula, ele para o Brasil’. O que estamos vendo é que, se nós não pararmos Lula, ele quebra o Brasil”, afirmou o líder da oposição, deputado Luciano Zucco (PL-RS) à Gazeta do Povo.
Tanto na Praia de Copacabana como na Avenida Paulista, a expectativa é que haja a participação de uma série de lideranças e políticos. “Já temos a confirmação de dezenas de parlamentares, deputados estaduais, deputados federais e senadores. Serão grandes eventos pacíficos, democráticos, em prol da anistia (aos presos do 8 de janeiro0, pela liberdade”, disse Zucco.
No Nordeste, a escolha foi por dar início aos atos no Rio Grande do Norte e em Pernambuco. Será também uma forma de prestigiar dois ex-ministros da gestão de Bolsonaro: o senador Rogério Marinho (PL-RN) e Gilson Machado (PL-PE). A capital do Ceará, Fortaleza, também está no radar da caravana.
No Rio Grande do Norte, Marinho promoverá uma série de eventos do “Rota 22”. O lançamento deve ocorrer entre os dias 11 e 12 de abril, e Bolsonaro já foi convidado a participar. Trata-se de um plano de viagens e encontros regionais que o PL realizará ao longo dos próximos meses pelo RN, que deve servir como piloto para ser replicado em outras partes do Nordeste e nas demais regiões do país. De acordo com a assessoria do senador, o “Rota 22” tem o objetivo de posicionar o PL como a principal legenda de oposição no estado, preparando o terreno para as eleições de 2026.
Caravana de Bolsonaro quer mostrar a força da direita com foco nas próximas eleições
As mobilizações nos estados também vão reforçar o projeto para as eleições de 2026. “O intuito dessa caravana, e com o aumento dos eventos daqui pra frente, é mostrar o fortalecimento da direita, com a repercussão das eleições de 2024, quando elegemos uma série de vereadores e prefeitos”, pontuou Zucco.
O projeto de fortalecimento da direita no Senado também está no centro das atenções dos aliados de Bolsonaro. “Estamos visando também ter a maioria no Congresso, porque nós vamos fazer uma grande eleição em 2026, com deputados federais, senadores, governadores… E, se tudo der certo, com a volta do presidente Bolsonaro”, completou Zucco.
Em entrevista para o jornalista Léo Dias, Bolsonaro sinalizou apoio a nomes que podem concorrer ao Senado em pelo menos dez estados em 2026, que também deverão impulsionar a organização desses eventos. Aliados buscarão reunir seus apoiadores para demostrar a força e o potencial de puxar votos.
Após o avanço da direita nas eleições municipais de 2024 – que cumpriu com o objetivo estratégico de consolidar as bases para um avanço mais robusto no próximo pleito -, a oposição tem ressaltado o foco especial nas disputas majoritárias pelas duas vagas ao Senado em cada uma das 27 unidades da federação.
O comando da Câmara Alta é tido como essencial para o PL e parlamentares de oposição ao governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), pois só o perfil majoritariamente conservador dos senadores garantiria o equilíbrio dos poderes da República e efetiva reação contra o ativismo judicial.
Mas, segundo analistas ouvidos pela reportagem, a continuidade da atual tendência pró-direita dependerá da gestão eficaz do capital obtido nas urnas em 2024 por esse espectro político. A escolha de candidatos ao Senado viáveis também tem importância.
Em entrevista à Gazeta do Povo, o cientista político Ismael Almeida afirmou que as bases da direita para alcançar novos objetivos em 2026 já foram colocadas, mas é preciso “saber administrar essa vantagem estratégica”. Ao tratar do pleito do ano passado, ele ressaltou à época a “importante mudança no cenário político”, com inclinação nas maiores cidades para a centro-direita.
O diretor-geral da ONG Ranking dos Políticos, Juan Gonçalves, também avaliou que a onda conservadora registrada nas eleições do ano passado gerou legado estrategicamente valioso para 2026. “Depois dessas eleições municipais (de 2024), os caminhos da direita para o Congresso estão pavimentados. Vejamos os próximos capítulos”, disse.
Fonte: Gazeta do Povo