Mais participação popular no planejamento estratégico de segurança pública e mais investimentos sociais. Para boa parcela dos participantes da audiência pública que discutiu o Plano Estratégico de Segurança de Sergipe, nesta segunda-feira, 12, essa é a receita para reduzir os índices de criminalidade que afetam o Estado e os municípios. A reunião foi promovida pelo deputado estadual e presidente da Comissão de Segurança da Assembleia Legislativa, Capitão Samuel. Representantes de conselhos comunitários de segurança e de associações de moradores, além de autoridades policiais, discutiram alternativas para melhorar o plano governamental que prevê ações de combate à criminalidade.
Na abertura da audiência, capitão Samuel disse que o mérito da audiência era contar com uma grande representatividade dos setores que formam o ciclo da segurança pública, a exemplo da comunidade. Nem mesmo a área de direitos humanos, lembrou o parlamentar, poderia ficar de fora. Crítico de alguns benefícios concedidos a pessoas encarceradas, como o auxílio reclusão, o deputado disse que o policial tem o direito de se defender, e defender sua família, e que esse direito precisa ser respeitado. “O direito do policial se defender é legítimo. E sou contra o auxílio reclusão, pois a vítima não recebe nada e o criminoso recebe uma ajuda financeira. Não entendo esse benefício”, observou o deputado.
O presidente da Federação dos Conselhos de Segurança Pública do Estado de Sergipe (Feconseg), José Ailton Figuerôa, lamentou que a existência de muito críticos da segurança pública, especialmente nos programas de rádios, que não têm a mesma disposição para colaborar com o assunto. Para ele, a saída é buscar soluções junto à comunidade. Figuerôa elogiou a iniciativa de Capitão Samuel em atender aos conselhos e abrir um espaço democrático para discutir os rumos da segurança pública.
O coronel da PM Carlos Augusto, especialista em policiamento comunitário, disse que na criação deste tipo de policiamento, em 1996, teve o apoio dos conselhos de bairros, depois transformados em conselhos de segurança pública. As instalações dos postos de atendimento aos cidadãos (PACs), destacou o coronel, foram essenciais para mudar o perfil de alguns bairros violentos, como o América, dominado por traficantes. “Fizemos do bairro América nosso PAC modelo. A comunidade era o Santa Maria da época e a polícia comunitária conseguiu transformar a realidade”, explicou, destacando o apoio da comunidade e da igreja nas ações que fizeram cair os índices de violência.
Carlos Augusto disse que não foi fácil implantar a nova filosofia de policiamento. Muitos maridos, lembrou o militar, proibiam suas mulheres de irem aos postos da polícia participar de reuniões. “Houve dificuldades para a polícia se aproximado da comunidade, e da comunidade se aproximar da polícia”, comentou. “A Polícia Militar foi obrigada a fazer adequações”.
Vivaldy Cabral Santos, comandante de Policiamento da Capital, apresentou um balanço da violência e das ações da polícia no Estado, destacando que neste ano o Serviço 190 recebeu o expressivo número de 208,3 mil acionamentos. Foram 1,6 mil armas retiradas das mãos de marginais e 247 veículos furtados que foram recuperados. Mais de 820 mil abordagens “respeitando os direitos de quem foi submetido à abordagem policial”. Para o tenente coronel, os números da polícia rebatem as estatísticas negativas. “Conheço vários estados e capitais e digo que prefiro andar em Aracaju do que em algumas áreas de Recife, Rio de Janeiro e Salvador”, observou.
A integração comunitária, destacou Vivaldy Cabral, está inserida no plano de segurança pública e lembrou que nas reuniões de planejamento há a participação de todos os envolvidos no assunto, o governador aos representantes da comunidade, do Ciosp e até da Perícia. “O que buscamos agora é ampliar a transparência e uma maior participação social na segurança, ampliando as boas práticas, como os conselhos comunitários de segurança”.
Fonte: Agência Alese de Notícias