Em 2017, um dos festejos juninos mais antigos do estado completou 107 anos de tradição. A festa da Rua São João acontece neste ano graças a uma parceria público-privada e, mesmo diante das dificuldades financeiras vivenciadas pela atual gestão, a Prefeitura de Aracaju não deixou de cumprir o seu papel, mais do que isso: reconheceu e valorizou a importância de tamanha festa para a cultura do “país do forró”. Por isso, toda a logística foi apoiada pela Prefeitura.
Passo importante para a realização do evento que iniciou no último sábado, 24, Dia de São João, e segue até esta quinta-feira, 29, Dia de São Pedro, foi a revitalização do quadrilhódromo. Sem isso, em período de chuva como este, a festa poderia ficar comprometida, já que o telhado estava severamente danificado pela ação do tempo e pela falta de manutenção dos últimos anos. Assim, cerca de cinco mil telhas foram alocadas, e a madeira e outros equipamentos que sustentam a parte do teto foram plenamente recuperados por equipes Empresa Municipal de Obras e Urbanização (Emurb), que também realizou uma nova pintura no local e revitalizou a iluminação no entorno do quadrilhódromo.
Após cuidar da estrutura central da festa, a parceria entre a Prefeitura de Aracaju e Universidade Tiradentes (Unit) tratou de manter acessa a história da festa que faz parte da identidade, não só da comunidade do bairro Santo Antônio ou dos moradores de Aracaju, mas de todo o Estado de Sergipe. Desta forma, enquanto a Unit entrou com a premiação das quadrilhas, 12 seguranças, gradeamento na região da festa e alimentação dos jurados das quadrilhas, a Prefeitura contribuiu com a logística.
Foi providenciada toda a parte da sonorização, que ficou em torno de R$ 11.500, o trabalho da Guarda Municipal de Aracaju (GMA) durante todos os dias do evento, a alocação dos banheiros químicos, a limpeza do local da festa e dos entornos, além do custeio de duas das atrações, em torno de R$ 2 mil cada.
O presidente do Centro Social e Cultural São João de Deus, José Ronaldo Alves, entende que as dificuldades financeiras foram um empecilho e reconhece o esforço feito pela Prefeitura. “É a festa mais tradicional que temos na nossa cidade e, para nós, é motivo de muita alegria. O importante é que ela está acontecendo, mesmo diante de alguns empecilhos que já foram contornados”, destacou.
Melhor do que qualquer outro morador da região, o senhor Antônio Soares de Freitas, de 94 anos, pode falar com propriedade da festa em que, durante a existência, cresceu e também criou sua família. “Cheguei aqui quando as casas tinham telhado de palha de coqueiro, quase uma vila de pescador. Não sou um dos fundadores, mas faço parte desde 1945, então, para mim, a realidade da festa da Rua São João muitas vezes se confunde com a minha. Tenho uma verdadeira adoração por essa festa e, para os moradores da região, basta bater uma zabumba que enche de gente. Meu esforço sempre foi valorizar os moradores daqui e, nesta época, é quando vejo mais pessoas ganhando uma renda extra ou até mesmo ganhando o dinheiro que não conseguem durante todo o ano”, relatou um dos moradores mais antigos da rua.
Comércio aquecido
Para uma festa que movimenta centenas de pessoas a cada dia, o comércio local é um dos maiores beneficiados. Além dos estabelecimentos já alocados na região, mais de 35 ambulantes estão diariamente no evento, em sua maioria, moradores do bairro Santo Antônio.
Morador da Rua São João há 18 anos, Antônio Souza Carvalho mantém um comércio desde os primeiros meses de sua instalação no local. Para ele, a festa não é apenas um acontecimento cultural, representa também o aumento das vendas no conhecido “Bar do Tonho”, que fica bem ao lado do quadrilhódromo. “A festa é muito boa não só para mim, mas para todos os comerciantes daqui. A Rua São João simboliza alegria e uma festa de 107 anos não pode parar. Os comerciantes ficam animados porque os bares ficam sempre cheios e tudo acontece de forma muito tranquila”, contou.
Everaldo Santos, de 58 anos, tem 30 de moradia no local. Além de reconhecer a importância da festa, inclusive para a sua história pessoal, ele ressalta que tira da festa também uma renda a mais. “Tomo conta das barracas durante a festa e aproveito para tirar uma renda extra. Fico muito feliz quando percebo que a tradição está sendo mantida, mesmo com as dificuldades que a gente já conhece”, frisou.
Programação
Iniciada no último dia 24, a programação da Rua São João já contou com o tradicional casamento caipira com cortejo de carroças juninas e o concurso de quadrilhas juninas cuja competição acontece até esta terça, 27. Na quarta-feira, 28, terá o forró da comunidade e no dia 29, será a final do concurso de quadrilhas, com a entrega da premiação.
Fonte: PMA