A medida foi tomada de forma consensual entre os gestores do Estado e os agricultores, visando garantir o abastecimento para consumo humano e animal em meio à crise hídrica que castiga a cidade
Os agricultores que utilizam pequenas barragens para irrigar suas plantações no município de Malhador, situado na região Agreste, às margens dos Rios Mata Verde e Cajueiro dos Veados, foram informados oficialmente sobre a suspensão do fornecimento de água. O anúncio foi feito na manhã desta quinta-feira, 19, pela comissão formada por gestores da Secretaria de Estado do Meio Ambiente e dos Recursos Hídricos (Semarh), dos Comitês das Bacias Hidrográficas, além da Deso e Cohidro.
Conforme o acordo, toda irrigação está suspensa, com exceção daqueles produtores que estão em processo de colheita, sendo autorizado a molhar a plantação uma vez por semana, sempre no dia anterior ao arranquio.
A medida foi tomada de forma consensual entre os gestores do Estado e os agricultores, visando garantir, sobretudo, o abastecimento para consumo humano e animal em meio à crise hídrica que castiga a cidade.
Para o diretor da Superintendência de Recursos Hídricos da Semarh, Pedro Lessa, que coordenou a reunião, a reação dos agricultores foi dentro do esperado.
“Eles estão conscientes desde a participação efetiva dos trabalhos. Chegamos aqui não com o intuito de punir ninguém, mas dialogar e trabalhar mecanismos naturais de se trabalhar esse recurso que é a água. Anunciamos os encaminhamentos firmados na reunião de ontem e estão todos avisados até segunda ordem”, revelou.
A discussão sobre a falta de água em Malhador, segundo Pedro Lessa, faz parte de um projeto piloto do governo e deve ajudar a exercitar o processo de gestão dos recursos hídricos, que é verificar o uso indevido da água. “Estamos dialogando com todos. A crise hídrica perdura e dias secos estão por vir ainda. A comissão formada segue mantida até o final desse período de escassez”, comunicou.
Medida necessária
O agricultor Wilson Melo disse que a medida é um corte na carne, mas se faz necessária. “Não era o que nós queríamos, neste momento, mas em virtude da seca, a determinação é compreensiva. É claro que eu vou voltar para casa muito chateado, vou ver alguns amigos perder toda a plantação, porque não tem como irrigar. Se hoje a área da mata que recobre as nascentes está devastada, por ação nossa, é porque não houve instrução. É preciso que se faça mais e que se conscientize mais”.
De forma semelhante pensa o agricultor Valmir Santos. Ele também acredita que a solução é a longo prazo, mas, para isso, é preciso conscientização ambiental. “Quem desmata as nascentes tem obrigação de replantar, porque a natureza dá a resposta no futuro”.
Por outro lado, Wilson questionou o que os agricultores que perderam tudo irão fazer parar serem ressarcidos, já que muitos deles contraíram empréstimos no Banco do Nordeste (BNB) para plantar suas culturas.
A resposta foi ponderada pelo gerente do BNB, Luiz Alberto, que afirmou que o banco vai contemplar, através do FNE Águas. “É o crédito que financia projetos para o uso eficiente e sustentável de água, com o FNE Água. O agricultor pode obter até 100% do valor do investimento financiado, a depender do porte e localização”.
Novos encontros
Após a conclusão dos trabalhos, ficou agendado para o próximo dia 25 uma nova reunião em Aracaju, com força-tarefa formada pela Semarh, além de órgãos estaduais, instituições voltadas para a preservação das bacias hidrográficas e representantes da sociedade civil para acompanhar a funcionalidade da medida.
No dia 02 de fevereiro, acontece um novo encontro em Malhador com a Comissão formada pela Semarh, Prefeitura de Malhador, Comitê de Bacia Hidrográfica do Rio Sergipe e Deso.
Fonte: Ascom/Semarh