Mais de 1.440 mil crianças de até 11 anos morreram de covid19 no Brasil desde o início da pandemia, em março de 2020. Outras 2.400 foram acometidas pela Síndrome Inflamatória Multissistêmica Pediátrica (SIM-P), relacionada à infecção. Os dados da Câmara Técnica de Assessoramento em Imunização da Covid-19 (CTAI-COVID), indicam que a vacinação do grupo é necessária, mas ainda gera dúvidas e apreensão dos responsáveis.
Segundo a pediatra e professora do curso de Medicina da Universidade Tiradentes (Unit), Ana Jovina Barreto Bispo, o artigo 14 do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) estabelece a obrigatoriedade da vacinação nos casos de recomendação das autoridades sanitárias, que no Brasil, são a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e o Ministério da Saúde. A recusa na vacinação é considerada descumprimento do ECA.
“Quando uma vacina é recomendada pelo Plano Nacional de Imunização (PNI) ela torna-se obrigatória. Então, quando os pais deixam de vacinar suas crianças com uma vacina obrigatória, podem ser responsabilizados por negligência ou maus tratos. E a vacina contra covid19 é recomendada por autoridades sanitárias e está incorporada ao PNI. Então, é responsabilidade dos pais vacinarem seus filhos”, disse.
Alguns pais, no entanto, têm receio dos efeitos colaterais. “A vacina, assim como qualquer medicação que nós tomamos pode, sim, trazer efeitos adversos. Claro que os mais comuns são extremamente leves. Dor e vermelhidão no local da aplicação, dor muscular, febre, falta de apetite, moleza no corpo, náuseas e vômitos. Esses são os efeitos adversos que acontecem com maior frequência”, explicou a pediatra.
Já os efeitos adversos mais graves são raros, mas podem acontecer, por isso requerem a atenção dos pais e dos pediatras. Estudos clínicos feitos com a vacina, constataram a possibilidade de inflamação do coração e do músculo cardíaco, entre 15 dias a 3 semanas após a aplicação. “Dor do peito, taquicardia e sudorese, que surgem após a 2ª semana após a aplicação da vacina, os pais devem procurar o pediatra ou serviço de saúde para que faça a notificação e investigação da relação causal da vacina com esses eventos”, afirmou.
“A inflamação do músculo cardíaco é tratável e é muito mais provável que aconteça pela infecção causada pelo coronavírus do que com a vacina. Dos casos detectados, todos foram tratados e as crianças estão bem”, enfatizou Ana Jovina.
Mesmo com as possíveis reações adversas, os problemas da não vacinação podem ser ainda maiores. No Brasil, mais de mil menores de 11 anos morreram com a doença “O impacto da covid19 na população infanto-juvenil é medido pelas centenas de óbitos, milhares de hospitalizados, síndromes pós-covid, entre elas a Síndrome Inflamatória Multissistêmica Grave, relacionada à infecção pela covid19, mas que ocorre tardiamente, e Síndrome da Covid Longa, uma complicação que pode surgir após a infecção”, ressaltou.
“A vacinação veio para mudar esse quadro. A vacinação vai diminuir a doença na população infantil, além de reduzir a transmissibilidade. Quanto mais gente vacinada menor é a possibilidade daqueles que não podem ser vacinados por alguma contra indicação adquirir a doença porque o vírus vai circular menos na comunidade. O fim da pandemia só vai acontecer quando 90% da população for vacinada. Sabemos que 20% da população brasileira é de crianças e adolescentes. Então, para que a gente atinja essa cobertura vacinal, precisamos, sim, vacinar as crianças”, concluiu a pediatra.
Fonte: Asscom Unit