Com o tema ‘A universalização do saneamento básico e controle social’, o presidente do Sindicato dos Trabalhadores na Indústria da Purificação e Distribuição de Água e em Serviços de Esgoto do Estado de Sergipe (Sindisan), Sílvio Ricardo de Sá, participou da Tribuna Livre nesta terça-feira, 14, na Câmara Municipal de Aracaju (CMA) para falar sobre a possível privatização da Companhia de Saneamento Básico de Sergipe (Deso).
Iniciando o pronunciamento evidenciando as riquezas hídricas de Sergipe e relembrando que as estrelas da bandeira sergipana representam as cinco bacias hidrográficas, sendo todos os principais rios de água salgada, o presidente do sindicato se aprofundou ainda mais na exposição do conhecimento geográfico de Sergipe. “Nosso Estado é banhado por 220 quilômetros de águas do Rio São Francisco, sendo a principal fonte de fornecimento de água potável. Aracaju tem 95% da cidade abastecida com água tratada e mesmo assim a tarifa mínima da Deso é a menor do nordeste com apenas R$ 33, e qualquer família que seja beneficiada com algum programa social para a custa 50% a menos”, revelou Ricardo de Sá.
O presidente do Sindisan fez um comparativo no valor praticado na venda de água. “Um garrafão de 20 litros de água mineral custa 7 reais, se multiplicarmos por cinco sai por 35 reais, sendo que o valor da tarifa mínima custa apenas 33 reais por 100 mil litros. Caso a Deso seja privatizada a tarifa sobre 32%, por conta de três impostos que é isenta devido ser uma empresa pública. Outro contraponto apresentado é que 75% do faturamento da empresa provém de família de baixa renda”, destacou Ricardo de Sá.
Torcendo para que o processo de privatização da Deso seja revertido, Ricardo revelou alguns dados bastantes relevantes. “No mundo 180 cidades voltaram atrás na privatização do sistema de fornecimento de água, a exemplo de Buenos Aires e Berlim. Em Aracaju, existe uma lei em vigor do ex vereador Goizinho que proíbe que o fornecimento de água seja praticado por uma empresa privada. Sabemos que o fornecimento de água é rentável porque empresas como Odebrecht, Nestle e JBS estão interessados em adquirir a empresa”, finalizou.
Apartes
Se colocando contra a privatização da Deso, o vereador Américo de Deus (Rede) apresentou no Painel da Casa Legislativa matéria publicada no Jornal da Cidade onde o deputado federal André Moura (PSC) afirmou que o governador Jackson Barreto (PMDB) ofereceu a Deso para o BNDS. “Não iremos aceitar que o bem mais preciso seja comercializado por uma empresa de capital privado, água é vida! A Deso vai muito além do fornecimento de água, a empresa também realiza o saneamento básico e ações de sustentabilidade social”.
O vereador Jason Neto (PDT) salientou que caso a Deso não seja privatizada será uma das maiores vitórias sindicais de Sergipe. “Sou inteiramente contra a privatizar a água. Peço que o sindicato busque a nossa bancada federal para que eles intervenham junto ao governo Temer para que retire a Deso desta pauta de privatização”.
Solicitando atenção constante do Sindisan, o vereador Iran Barbosa (PT) lembrou que neste ano já aconteceu um debate sobre o tema findou na criação de uma frente de resistência. “Esta evidente para todos que há uma tentativa de desqualificar os serviços prestados pela empresa colocando em dúvida a eficiência da Deso. Esta vigília tem que ser permanente acompanhando e cobrando para que a privatização não aconteça”.
Anderson de Tuca (PRTB) agradeceu a sensibilidade e o conhecimento técnico de Ricardo de Sá sobre o tema. “Quero me somar a esta luta por que também sou servidor estadual e sei da aflição dos funcionários da Deso. Agradeço a sua sensibilidade e seu conhecimento de causa para apresentar os dados concretos para a população com total coerência. Esperamos que o governo ache uma saída e melhore a qualidade dos serviços sem precisar entregar para uma empresa privada”.
Com um discurso contra o sucateamento da Companhia de Saneamento de Sergipe por parte do Governo do Estado, o líder da oposição na CMA, vereador Elber Batalha Filho (PSB), destacou.” O governo do estado tenta se capitalizar com a venda de duas empresas, da Deso ou do Banese. É necessário vigiar sempre e manter-se na sentinela deste problema porque está sendo implantado o desmonte da máquina pública”.
Por Danilo Cardoso