Índices aumentam nos fins de semana
A cada boletim informativo do Instituto Médico Legal (IML) ou levantamentos feitos pela Secretaria de Segurança Pública de Sergipe (SSP/SE), São Cristóvão figura entre as estatísticas de mortes e atos violentos. A quarta cidade mais antiga do Brasil é o quinto município mais populoso de Sergipe com cerca de 90 mil habitantes, de acordo com o Instituto de Geografia e Estatística (IBGE), é atualmente um dos locais da Grande Aracaju onde a população vive amedrontada.
O medo aumenta cada vez mais entre moradores e quem trabalha na região. Casos como o do jovem Wesley de Jesus, 24, que foi assassinado no loteamento Lauro Rocha é o retrato de uma realidade que deixa perplexa a população. Na cidade, reina a lei do silêncio. Com medo, a população se recusa a dar entrevistas. Em um período de cerca de uma semana, oito óbitos foram registrados, dando quase uma morte por dia. É algo extremamente grave: num intervalo de pouco mais de cinco horas quatro pessoas foram assassinadas.
Pela recorrência de mortes em série, hoje São Cristóvão está entre as cidades mais violentas do Nordeste. Na sede, nas comunidades ou no Grande Rosa Elze, as manchas de violência já foram identificadas pelos operadores de Segurança Pública do Estado, entretanto as medidas protetivas estão longe de sanarem este surto.
Conceito de Segurança Pública
Para entender este surto de insegurança é preciso situar os dados socioeconômicos, e não apenas isolar a falta de uma política de Segurança Pública eficiente como único fator. Aliás, o próprio conceito de segurança preconiza a garantia de proteção dos direitos individuais e assegura o pleno exercício da cidadania.
Estudos indicam que investir em Educação e Lazer, Cultura e Saneamento além de melhorar a vida das pessoas, aumentam os Índices de Desenvolvimento Humano (IDH) e envolvem as pessoas na vida em sociedade, evitando a transgressão da ordem social ou de incorrer em crimes contra a pessoa. Assim, é papel do gestor municipal traçar políticas articuladas que minorem as barreiras sociais e potencializem a democratização dos espaços públicos e permitam mais cidadania para as pessoas. Isto, de forma transversal, auxilia a Segurança Pública, não de forma ostensiva, mas como medida preventiva.
Um caso emblemático aconteceu na cidade mexicana de Pachuca. Lá, havia uma região bastante violenta, mas através do envolvimento da comunidade com a arte do grafite os índices caíram de forma vertiginosa. Além da revitalização dos espaços públicos de forma coletiva, e com a participação da juventude, a parceria entre o Governo e a população ajudou a transformar a imagem negativa do bairro. No processo, que durou cerca de 14 meses, os artistas pintaram 209 casas, somando cerca de vinte mil metros quadrados, com cores vibrantes e alegres, que formam uma espécie de arco-íris para quem observa o morro a certa distância.
Mobilização humanizada
No caso de São Cristóvão é preciso que os gestores encarem a realidade e trabalhem de forma humanizada, abrindo canais para a participação ativa nas atividades públicas. Não basta apenas polícia nas ruas. É necessário o empoderamento do povo, da sociedade organizada numa campanha coletiva que reivindique a paz social que tanto São Cristóvão precisa neste momento.
Da Redação Portal Sergipe Mais