A atividade artística-educativa proporcionada aos alunos das escolas estaduais foi resultado de uma parceria entre o artista visual Adauto Machado e as secretarias de Estado da Educação (Seed) e da Cultura (Secult)
Um grupo de 17 estudantes, todos alunos de escolas da rede pública estadual, foram certificados nesta quinta-feira, 19, por suas participações na Oficina Descobrindo Talentos, uma proposta de formação artística para jovens promessas das artes plásticas sergipanas, coordenada pela direção da Galeria de Arte J. Inácio (Secult), em parceria com o Núcleo de Projetos Criativos e Inovadores da Secretaria de Estado da Educação (Nupi/Seed).
Idealizada e ministrada pelo artista visual sergipano Adauto Machado, a Oficina Descobrindo Talentos foi realizada no último dia 25 de agosto, nas dependências da Galeria J. Inácio, que está instalada na Biblioteca Pública Epifânio Dórea, em Aracaju.
Todos os estudantes que participaram desta atividade artística-educativa foram também participantes da 1ª Exposição AVIE!, uma iniciativa inédita da Seed que resultou na montagem de uma mostra artística apenas com obras de arte produzidas por alunos da rede pública estadual, aberta ao público em dezembro de 2016.
“Identificamos que na rede de escolas gerenciada pela Seed, em todos os municípios do Estado, nós temos, entre os alunos, artistas visuais, escultores, atores, escritos, enfim, artistas das mais variadas expressões e linguagens artísticas. Constatamos também que as produções desses alunos não tinham visibilidade. Foi justamente para descobrir esses novos talentos e revelar do que são capazes os nossos estudantes que nós criamos o Nupi em 2015. Este setor vem realizando uma série de trabalhos como o festival AVIE, que resultou na primeira exposição coletiva com obras de estudantes da rede pública estadual, da qual alguns dos integrantes participaram também desta oficina”, disse o secretário de Estado da Educação, Jorge Carvalho.
Os certificados da oficina, assinados e entregues pelo artista Adauto Machado e pela diretora da Galeria de Arte J. Inácio, Jane Junqueira, foram também repassados aos estudantes pelas mãos dos secretários Jorge Carvalho (Seed) e João Augusto Gama (Secult) e pela coordenadora do Nupi, Clara Macedo.
Experiência
“Vocês estão diante de um ícone da cultura sergipana”, disse Augusto Gama aos 17 participantes da Oficina Descobrindo Talentos. De acordo com o secretário de Estado da Cultura, Adauto Machado é um marco importante das artes visuais em Sergipe, “portanto tenho certeza de que todos vocês lembraram, quando fizeram carreira no mundo das artes, da experiência de ter estado com este artista e das instruções por ele fornecidas”, completou, ao agradecer a Adauto pela disponibilidade e iniciativa em promover esta atividade.
Aos 17 anos, Rafael Ferreira cursa o ensino médio no Centro de Excelência Vitória de Santa Maria, em Aracaju, produz arte nas horas vagas e pretende seguir profissionalmente como artista visual. Ele participou da Oficina e destaca que além do aprendizado, ter conhecido um artista já consagrado foi também uma experiência enriquecedora.
Aluna do Colégio Estadual Barão de Mauá, Rayla Moraes também foi certificada pela Oficina Descobrindo Talentos. Segundo afirma, a pintura faz parte de sua vida desde quando era ainda criança. “Arte é algo que pretendo fazer por toda minha vida. Por este motivo foi bastante oportuna essa oficina com o Adauto Machado”, frisou a jovem artista.
Ao afirmar ter tido na Oficina a sua primeira formação de cunho artístico, a estudante Ludmilla Paim também aprovou a iniciativa de Adauto Machado, capitaneada pela Seed e pela Secult. “A pintura sempre me acompanhou”, pontuou ela, reafirmando a constatação de que há, entre os estudantes da rede pública estadual, diversos artistas talentosos a terem seus trabalhos e produções reveladas.
Ministério
“Promover este tipo de atividade educativa é uma experiência que tenho tido ao longo de toda minha carreira. Esta oficina, especificamente, teve um caráter experimental e foi uma forma que encontrei de proporcionar a estes jovens a oportunidade que não tive, quando tinha a idade deles, de aprender sobre arte com alguém capacitado para isso”, disse Adauto Machado, ao explicar a sua motivação em realizar esta oficina com os alunos da rede pública estadual.
Sem antecipar detalhes, Adauto anunciou durante a entrega dos certificados que, após analisar cuidadosamente a produção feita pelos 17 participantes durante a oficina, escolheu três desses artistas para “profissionalizar esses jovens talentos”, limitou-se a informar.
“Antecipo assim a disponibilidade e interesse da Seed, e também da Secult, em sermos parceiros e colaboradores também desta nova empreitada do artista Adauto Machado”, completou o secretário de Educação, Jorge Carvalho.
Referência
Pintor, escritor, desenhista publicitário e professor de artes, Adauto Machado nasceu no dia 18 de junho de 1950, no município sergipano de Nossa Senhora das Dores. Aos quatorze anos, mudou-se para Aracaju e começou a frequentar grupos artísticos da cidade.
Trabalhou com desenho publicitário até 1969, quando se transferiu para Salvador, onde teve a oportunidade de conhecer importantes artistas nacionais e passou a dedicar-se inteiramente à pintura. Em busca do aperfeiçoamento técnico, cerca de um ano depois, permaneceu por um curto período no Rio de Janeiro e, em seguida, partiu para a França onde aprimorou seus estudos.
Atuante protagonista da cena cultural sergipana, Adauto Machado, desde a sua primeira exposição individual, em 1967, na antiga Galeria Acauã, em Aracaju, vem realizando sucessivas e prestigiadas exposições em diversas cidades do Brasil e do mundo.
Em 1983, Adauto Machado tornou-se presidente da Associação dos Artistas Plásticos de Sergipe – APLASE, e, no mesmo ano, membro da equipe de coordenação geral do Circuito de Artes Plásticas do Norte-Nordeste/Sergipe, promovido pelo MEC/FUNART/INAP. Em 1988, foi nomeado membro do Conselho de Cultura do Município de Aracaju e, em 1995, do Conselho de Cultura do Estado de Sergipe.
Notabilizou-se pintando cavalos correndo soltos, esvoaçantes e livres, mas a sua vasta iconografia passa por feiras sergipanas, casarios, pescadores, marinhas, paisagens urbanas e rurais, retratos, composições abstratas, temas sacros e cenas do sertão nordestino.
Por Lucas Silva