As obras devem beneficiar mais de 100 mil moradores da região, melhorando a qualidade de vida e atraindo novos investimentos
Há 47 anos, Otarcísio Alves da Conceição mora em Lagarto, e foi lá que ele começou a trabalhar desde cedo como pedreiro. Hoje, já aposentado, ele observa uma obra que nunca foi realizada antes em grande parte da cidade. “Em muitos lugares daqui sempre foi assim, um esgoto a céu aberto. Eu e meus vizinhos já nos acostumamos com o mau cheiro na rua onde moro, pois desde de que me mudei pra cá, tínhamos que conviver com isso. Agora, finalmente, isso vai mudar e o responsável por isso está de parabéns”, elogiou.
A obra que seu Otarcísio parabenizou faz parte da implantação do sistema de esgoto de Lagarto, promovida pelo governo de Sergipe. Juntamente com as obras de abastecimento, o valor investido pelo estado nessa área do município supera os R$ 180 milhões.
“E já estamos com cerca de 70% das obras concluídas”, afirmou Wagner Santos Teles da Silva, engenheiro de produção, que trabalha na empresa responsável pelo andamento das obras de saneamento básico. “Lagarto tem um grande problema, que é o despejo do esgoto feito nas próprias ruas. O sistema de coleta que já existe aqui é muito pequeno, mas com esse serviço que estamos realizando, ele deve passar a atender a toda cidade. Isso também só é possível graças à construção de uma estação de tratamento, que faz parte desse projeto”, complementou.
De acordo com Wagner, o trabalho de repavimentação, que é feito após instalar a encanamento, também é uma parte importante do processo. “Todas as ruas que serão abertas durante essa fase serão repavimentadas por nós, pois não podemos resolver um problema e criar outro. Por isso, para que a população receba os benefícios da melhor forma, estamos asfaltando todas as vias afetadas”, garantiu.
Com a finalização dessas intervenções, Lagarto estará apta a receber mais investimentos, inclusive do próprio governo Federal, como acontece com os recursos destinados à pavimentação, via da Caixa Econômica Federal, que são liberados apenas para vias onde há coleta de esgoto.
O empresário Alfredo de Jesus sabe bem como essas melhorias podem atrair atrair outros investimentos, não apenas oriundos do poder público. “Tenho um bar há mais de 30 anos em Lagarto, e o esgoto que passava em frente ao meu estabelecimento atrapalhava muito. Com essa obra, nossa vida melhora, principalmente para nós que temos um negócio. Dá até um ânimo a mais para investir e ampliar o estabelecimento, sem falar que o movimento também pode crescer”, comemorou.
Visão compartilhada por Ana Cássia, que é dona de uma mercearia há 14 anos na cidade. “Aqui não tinha esgotamento nenhum e a situação ficava ainda pior quando chovia. Alagava tudo e o mau cheio tomava conta. Todos nós esperamos o melhor depois do término dessa obra”, almejou.
As obras
Apenas na área de esgotamento sanitário são investidos R$ 95.930.000. Já para as obras de abastecimento, o valor é de R$ 83.514.821. Ambos investimentos devem beneficiar mais de 100 mil moradores, e englobam uma série de intervenções, como construção de nove estações elevatórias, uma de tratamento de esgoto (com vazão média 74,34 litros por segundo), e ainda rede coletora com extensão de 104 mil metros. A execução da obra é feita pela Companhia de Saneamento de Sergipe (Deso), e os recursos são oriundos de financiamento entre Governos do Estado e Federal com a Caixa Econômica.
De acordo com o engenheiro civil da Deso e gerente da obra de esgotamento, Dimas Góes, atualmente está sendo realizada a implantação de redes de esgoto na cidade, serviço de recomposição asfáltica de paralelepípedo, de execução da Estação de Tratamento de Esgoto (ETE) e há serviços também de ligações domiciliares, além do coletor tronco.
“Toda obra de saneamento é importante. Estamos tirando de Lagarto muito esgoto que está sendo jogado em sarjetas, nas ruas, e vamos fazer a coleta das residências e tratamento dele, melhorando a questão da saúde pública. O principal objetivo dessa obra é cuidar da saúde”, afirmou Dimas.
O representante da Deso explica ainda que o tratamento de esgoto em Lagarto é feito hoje através de fossas e filtros, e o que vai para as fossas acaba sendo lançado numa rede de drenagem, situação que não é indicada. A obra de esgotamento surge, então, para destinar o esgoto para uma ETE, a fim de que este conteúdo apenas seja despejado na natureza após passar por diversas etapas de tratamento. Ou seja, com a realização dessa intervenção, Lagarto poderá preservar as águas do rio Piauí, importante ponto de manancial na região Sul de Sergipe.
As obras de abastecimento estão em fase preparatória, visto que a Companhia está providenciando a documentação para iniciar a licitação. O projeto prevê, além da captação, a construção de uma Estação de Tratamento e de uma adutora.
Fonte: ASN