Nos primeiros cinco meses deste ano, janeiro a maio, o Hospital de Urgência de Sergipe (Huse) registrou 20.139 atendimentos a usuários do Sistema Único de Saúde (SUS). Desse total, apenas 11,8% ficaram internados para continuidade do tratamento, os outros 87,7% receberam alta médica dentro de 24 horas. De acordo com relatório divulgado pelo Núcleo Interno de Regulação, Dados e Informações (NIR) do hospital.
Nos cinco primeiros meses deste ano, os principais registros que deram entrada no Pronto-Socorro do Huse foram: dor de cabeça, dor abdominal, dor no peito, dor de ouvido, dor na coluna, dor de garganta, febre, troca de sonda, mal estar, entre outros diagnósticos primários e que de início poderiam ser atendidos em qualquer outra instituição e de lá, após um diagnóstico fechado, ser encaminhado para o Huse.
Isso significa que hoje, a maior parte dos atendimentos feitos no Huse é de baixa complexidade, casos menos graves que deveriam ser acolhidos por unidades da Rede Básica, já que o Huse é um hospital de referência para casos de média e alta complexidade. Numa divisão por regional, Aracaju registrou 13.668 atendimentos. Desses, apenas 1.200 ficaram internados, 12.437 receberam alta hospitalar, significa dizer que, esse total representa 90% da regional Aracaju que vieram para o Huse e receberam alta.
Outro exemplo, é no município de Nossa Senhora do Socorro. Foram 4.094 atendimentos no Huse para pacientes daquela região. Desses, 400 pacientes ficaram internados, o que comprova a premissa de que o trabalho das equipes do Hospital de Urgências está se dando ao atendimento de baixa complexidade.
O superintendente do Huse, Luís Eduardo Correia, destaca que esse atendimento de baixa complexidade tem prejudicado o acolhimento de pacientes que são de responsabilidade do hospital. “A cada 10 pacientes que chegam no Huse, 9 são da Rede Básica de Saúde. Isso superlota o hospital e essa superlotação prejudica todo o fluxo e trabalho”, avalia.
De acordo com o coordenador do Pronto Socorro do Huse, Vinícius Vilela, está sendo discutida uma estratégia para o não fechamento da porta da Área Azul. “Estamos tentando fazer que a porta da Azul seja uma porta regulada, seria uma porta que só entraria paciente com uma regulação prévia, facilitando assim, o planejamento das nossas ações no Huse, para isso, teria que ter um ponto de apoio próximo ao Huse para receber esses pacientes. Fechar as portas não é a solução”, enfatizou o coordenador.
Esse é um trabalho que demanda planejamento estratégico. Para se ter uma ideia, quase 88% do atendimento que é feito hoje no Huse é de baixa complexidade, isso é considerado como o reflexo da precariedade do sistema como todo na saúde básica, postos de saúde e nas UPA’s. A estratégia pensada é fazer a discussão junto com todas as regionais, junto com os municípios e transferir a responsabilidade da baixa complexidade realmente para os municípios. Uma forma de fazer a porta regulada.
A gerente da Área Azul do Huse, Simone Dantas, explica que a população tem dificuldade de acesso em outras instituições de saúde. “Em outras instituições, a população está com dificuldade de acesso e vem logo para o Huse que é porta aberta, o princípio da universalidade do SUS, então a gente atende. O Huse está sendo usado hoje como um hospital de diagnóstico, as pessoas vêm para fazer um ultrassom, tomografia, raios-x, eletrocardiograma e o hospital acaba sem ter condições de atender os casos para os quais ele foi criado, mesmo com toda a dedicação dos profissionais”, afirmou.
Fonte e Foto: Ascom/SES