A estimulação cerebral profunda é uma opção para pacientes cujos sintomas motores limitam sua funcionalidade e qualidade de vida, permitindo que eles recuperem a autonomia e a capacidade de participar ativamente na sociedade
Alinhado ao objetivo do Governo do Estado em promover a saúde e o bem-estar da população, o Hospital de Cirurgia, unidade contratualizada pela Secretaria de Estado da Saúde (SES), realizou a primeira cirurgia de Estimulação Cerebral Profunda (ECP), também conhecida como Deep Brain Stimulation (DBS), em um paciente com Parkinson, por meio do Sistema Único de Saúde (SUS).
A ECP é uma técnica cirúrgica utilizada na neurocirurgia funcional, que envolve o implante de eletrodos em regiões específicas do cérebro. Essa abordagem é especialmente eficaz no tratamento de sintomas motores da doença de Parkinson, como tremor e rigidez, um dos sintomas mais desafiadores para os pacientes, segundo explicou o neurocirurgião Jorge Dornellys Lapa.
“Além de tratar a doença de Parkinson, a ECP também pode ser utilizada para controlar tremores, incluindo o tremor refratário que não responde a medicamentos, e distonia, que é um movimento involuntário que pode causar torções no pescoço, pernas ou braços. Esses distúrbios podem impactar significativamente a qualidade de vida do paciente, dificultando atividades diárias básicas, como se alimentar e tomar banho, e comprometendo sua capacidade de trabalhar e ser economicamente ativo”, destacou Dornellys.
A ECP também é aprovada para indicações menos comuns, como epilepsia refratária, que não responde a medicamentos, e algumas condições psiquiátricas, como a síndrome de Tourette e o transtorno obsessivo-compulsivo (TOC), em casos graves.
O primeiro paciente a realizar o procedimento foi Paulo Sérgio, de 49 anos. “Minha recuperação tem sido excelente. Recebi o diagnóstico de Parkinson em 28 de setembro de 2018, quando os sintomas começaram com uma forte dor no pé, seguida de tremores que afetaram minha mobilidade. Após a realização da estimulação cerebral profunda, notei uma grande melhora na minha qualidade de vida. Estou ansioso para retomar minhas caminhadas matinais e ter a liberdade de sair sozinho novamente”, contou Paulo.
Indicação para o procedimento
Pacientes com tremor, doença de Parkinson ou distonia devem ser tratados inicialmente com medicações. Se após o tratamento, o paciente se tornar refratário, ou seja, não responder adequadamente às medicações, pode ser considerada a cirurgia. A avaliação deve incluir consultas periódicas com neurologistas e neurocirurgiões, que avaliarão a eficácia das medicações em doses adequadas. Se o paciente sofre efeitos colaterais graves ou não obtém melhora significativa, recomenda-se o procedimento.
“É crucial que o paciente passe por uma avaliação detalhada para confirmar que ele é realmente refratário às medicações, considerando todas as opções anteriores e suas respostas. A escolha da cirurgia deve ser feita com cautela, levando em conta contraindicações e a necessidade de anticoagulantes, por exemplo. Assim, a avaliação clínica e a indicação precisa são essenciais para maximizar as chances de sucesso na cirurgia e garantir uma melhora significativa na qualidade de vida do paciente”, finalizou o médico.
Durante o pós-operatório, nos primeiros seis a 12 meses, os pacientes experienciam uma melhora significativa na qualidade de vida. Com as programações progressivas do sistema implantado, observa-se uma redução de cerca de 70% nos sintomas clínicos. Isso permite que os pacientes retomam atividades sociais, se alimentem melhor e saiam de casa, com alguns voltando até a andar a cavalo e realizar trabalhos manuais.
Fotos: Ascom do Hospital de Cirurgia