Os ex-funcionários da Usina Campo Lindo pedem “não a recuperação judicial”, contam a sensibilidade da justiça para que esse pesadelo acabe
Centenas de trabalhadores encontram-se em dificuldades financeiras em virtude do não recebimento de tais verbas e, com a recuperação judicial, não possuem expectativa de quando receberão.
Na manhã desta quarta-feira (12), ex-funcionários da Agro Industrial Campo Lindo (Usina Campo Lindo) realizaram um protesto reivindicando as suas verbas trabalhistas, em atraso por quase dois anos. Centenas de trabalhadores se concentraram em frente ao Fórum do município de Nossa Senhora das Dores, para cobrar que a empresa cumpra o que foi acordado a cerca de dois anos e que até agora não foi cumprido.
Até o momento, são mais de mil ações protocoladas na justiça do trabalho e nenhuma delas foram quitadas pela empresa. Os trabalhadores reclamam do descaso da empresa, pois sempre que procuram alguma informação sobre os seus pagamentos a resposta que recebem é sempre a mesma: Não temos previsão. Para aumentar a revolta dos Trabalhadores, a empresa, depois de movimentar milhões na Safra 2016/2017, continua produzindo energia elétrica.
Segundo informações dos Trabalhadores, a empresa se comprometeu na justiça do trabalho a pagar todas as verbas rescisórias assim que concluísse a Safra 2016/2017. Como a usina não cumpre com o que ficou acordado com os trabalhadores, centenas de famílias estão passando necessidades. Isso tem causado revolta inclusive nos juízes que atuam na mediação. Em uma dessas ações é possível ver a irritação com a direção da empresa que aceita dialogar com os trabalhadores, se compromete em cumprir o que ficou acordado, mas não faz.
Em uma das ações o juiz diz que “o histórico da executada, nos últimos dois anos, comprova o descaso, indiferença e desrespeito com o Poder Judiciário, em particular com a Justiça do Trabalho, diante do gravíssimo fato de haver, através de seus gestores, peticionado, por diversas vezes e declarado que “já tinha sido vendida” e com o dinheiro da venda iria quitar suas dívidas trabalhistas. Disse ainda que, se algum problema o corresse com a transferência da Empresa, quitaria todas as suas dívidas trabalhistas com o resultado financeiro da Safra de 2016/2017, o que levou o Juízo, o Parquet e os Trabalhadores, mais de mil famílias, a acreditarem nas declarações documentadas, apresentadas pela Ré, o que não se concretizou, haja vista o fato da referida Safra ter terminado em 17.02.2017 e sem que nenhum centavo fosse canalizado para a quitação das dívidas trabalhistas, ou seja, típico caso de litigância de má-fé, ato atentatório à dignidade da Justiça e, porque não dizer, verdadeiro caso de polícia, ante as inúmeras “fraudes” praticadas nos processos trabalhistas, caracterizadas por declarações e documentos com falsos conteúdos, o que levou o Juízo a comunicar tais fatos às autoridades competentes para a adoção das medidas de suas respectivas alçadas”.
Para surpresa de todos e contrariando até mesmo a expectativa do Juiz da vara de trabalho de Nossa Senhora da Glória, a empresa não efetuou qualquer pagamento, apresentando a justificativa que somente apresentaria proposta para pagamento dentro do plano de recuperação da empresa, na ação de recuperação judicial, em trâmite na justiça comum na Comarca de Nossa Senhora das Dores.
Revoltados com a situação, os trabalhadores resolveram protestar para reivindicar seus direitos.
Importante destacar que pela justiça do trabalho foram penhorados móveis e imóveis, no montante de seis milhões de reais, porém, esses valores somente serviriam para pagamento das verbas trabalhistas caso não ocorresse a recuperação judicial.
Em resumo, milhares de trabalhadores encontram-se em dificuldades financeiras em virtude do não recebimento de tais verbas e, com a recuperação judicial, não possuem expectativa de quando receberão.
Durante a manifestação pelas ruas da cidade de Nossa Senhora das Dores, os manifestantes resolveram parar em frente ao Sindicato dos Trabalhadores Rurais da cidade para pedir apoio, quando na oportunidade receber não como resposta que o referido sindicato não atua nas causas dos Trabalhadores Rurais assalariados e que todo o trabalho realizado por eles era apenas o de auxiliar o sindicato dos assalariados. Continuando, o presidente do sindicato dos trabalhadores rurais de Nossa Senhora das Dores, informou que qualquer auxílio deveria ser solicitado ao Sindicato dos Trabalhadores Rurais assalariados.
Diante desse fato, os manifestantes revoltados resolveram sair em passeata pelas ruas da cidade reivindicando seus direitos e explicando aos comerciantes local o motivo pelo qual várias pessoas (ex-funcionário da Usina Campo Lindo) até o momento não honraram seus compromissos (dividas) no comércio, assim como também tem vários pais que estão com pensão alimentícia atrasada e tem receio de ser presos a qualquer momento por não cumprirem a determinação da justiça, (além de não terem condições de colocar a mesa uma refeição para a família em casa, vivem com esse temor de serem presos).
Os ex-funcionários da Usina Campo Lindo pedem “NÃO A RECUPERAÇÃO JUDICIAL”, contam a sensibilidade da justiça para que esse pesadelo acabe.
Por Delmanira Brito/visitedores.com